1 – O governo vai aguentar?

Para a Aliança Portugal (PSD/CDS), a derrota é certa, basta saber por quantos. Uma percentagem de votos abaixo dos 30% dá aos partidos do Governo uma pesada derrota que pode levar a divisões internas. Além disso, há um risco acrescido: o CDS pode perder um eurodeputado. Nas listas, os representantes dos centristas estão em quarto e em oitavo lugares. As sondagens não garantem a eleição do oitavo representante, o que pode fazer do CDS o principal derrotado das eleições – se a representação em Bruxelas cair para metade.

2 – O PS será o grande vencedor?

Os socialistas esperam uma vitória como certa no final da noite, mas, mais uma vez, tudo depende da diferença para a coligação PSD/CDS. Com as previsões de subida da abstenção e com a subida do PCP, os socialistas esfriaram as expetativas: a vitória será tanto maior, quanto maior for a derrota da Aliança Portugal. Traduzindo: mais do que ficar acima de 40%, a vitória será cantada com estrondo se os partidos do Governo ficarem abaixo dos 30%. Contudo, a vitória nas eleições, a segunda além das autárquicas, reforça a posição do PS, que tem os olhos postos nas legislativas. Serão sobretudo os socialistas (e o PCP) a querer fazer uma leitura nacional das eleições deste domingo.

3 – O PCP vai eleger três eurodeputados?

Os comunistas estão em vias de se tornar os grandes vencedores destas eleições. Todas as sondagens (DN e i) dão os comunistas com um bom resultado, podendo eleger três (e em algumas quatro) eurodeputados. E historicamente a CDU até tem melhores resultados nas urnas do que nas sondagens, pelo que não é de descartar um resultado melhor. Serão por isso os comunistas a puxar mais pela leitura nacional. O líder do partido já admitiu avançar com uma moção de censura ao Governo, aproveitando a legitimidade do voto.

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4 – Qual o maior risco de abstenção?

A elevada abstenção torna a leitura dos resultados mais difícil. Servirá para a Aliança Portugal desculpar a derrota, dizendo que não são verdadeiras eleições com leitura nacional. Uma elevada abstenção atinge em cheio o bloco central, pelo que é um risco maior tanto para a coligação PSD/CDS como para o PS, que levou a última semana a apelar ao voto útil.

5 – O BE pode tornar-se irrelevante?

Tudo aponta para que o Bloco de Esquerda, que se estreou em 1999 precisamente numas eleições europeias, tenha um dos piores resultados da história do partido, o que pode levar a atiçar as divisões internas que já se fazem sentir neste partido com dupla liderança. Depois de não ter capitalizado o descontentamento contra o Governo nas últimas eleições autárquicas – onde o BE tem historicamente mais dificuldades em alcançar bons resultados -, uma derrota nas europeias passa por perder representantes. O BE conseguiu eleger três eurodeputados nas últimas eleições (Marisa Matias, Rui Tavares e Miguel Portas), mas arrisca-se a apenas conseguir agora eleger a cabeça de lista. Fruto das divisões, que levaram o independente Rui Tavares a agora concorrer sob a sigla do partido que criou, o LIVRE.

6 – Marinho Pinto será eleito?

O voto de protesto pode vir a direcionar-se para o MPT. Marinho Pinto, cabeça de lista, apostou todos os trunfos na capitalização dos votos de descontentamento. O voto do contra pode ter bastante influência, uma vez que a abstenção elevada faz com que pequenas quantidades de votos sejam percentualmente relevantes. Em algumas sondagens, Marinho Pinto é dado como eleito, podendo mesmo ficar acima do Bloco de Esquerda. A dúvida é se no boletim de voto os eleitores vão saber associar o partido ao candidato (que tem notoriedade superior ao partido que o apoia).

7 – Rui Tavares conseguirá continuar em bruxelas?

O eurodeputado que foi eleito pelo Bloco de Esquerda e que criou um partido de propósito para estas eleições não está em posição fácil para ser eleito. A dispersão de votos em muitos partidos à esquerda do governo (PS, PCP, BE), mas também nos mais pequenos (MPT, PAN, etc) dificultam a tarefa de captação do voto de descontentamento.