Educadora de infância, mãe de duas crianças, autora do blogue Pais Criativos Filhos Felizes e pós-graduada em Livro Infantil. Andreia Vidal tem o percurso ideal para nos dar 365 ideias para tirar os seus filhos de frente da televisão. É precisamente este o título do seu novo livro que vai ser apresentado este sábado, às 11h00, na FNAC do Centro Comercial Colombo, em Lisboa. Para a autora, é mesmo possível fazer com que uma criança se divirta mais a pintar ou a fazer uma receita do que a jogar na consola portátil ou a ver TV.

Dois anos depois de ter lançado 365 actividades para fazer com os seus filhos, chega um novo livro cheio de sugestões de atividades para serem feitas em família. “Tive o cuidado de escolher conteúdos distintos e partilhar ideias criativas, giras e de fácil execução”, disse a autora ao Observador. São mais de 400 páginas cheias de ideias distintas, onde se ensina passo a passo a construir uma brincadeira. Há um capítulo com sugestões para fazer brinquedos em casa, outro para decorar o quarto dos miúdos, outro para organizar “as melhores festas infantis”, para fazer presentes em casa e até para fazer doces caseiros.

365 ideias

Mãe de um rapaz de sete anos e de uma bebé de quatro meses, esta educadora de infância e professora de expressão plástica tem a oportunidade de experimentar todas as atividades que sugere no livro. E não hesita na hora de escolher as brincadeiras favoritas da pequenada. “Os miúdos adoram sujar-se, provavelmente porque estão sempre  proibidos de o fazer. Tudo o que envolva tintas, massas, barros, água em que possam sentir novas texturas, eles adoram!”, conta. Construir os próprios brinquedos também os fascina.

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Mas fascinará mais do que ver televisão ou jogar no computador? “Sim. As crianças divertem-se mesmo com este tipo de atividades, em que partilham momentos engraçados com os pais ou que pintam um quadro ou fazem uma escultura”. São estes momentos que vão ficar gravados na memória futura, não “uma tarde a jogar playstation”, garante Andreia Vidal.

Tal não quer dizer que os aparelhos eletrónicos estejam interditos. “Não sou fundamentalista. O meu filho vê televisão, joga computador e vai à internet. O que eu acredito é que é necessário haver bom senso. Cada vez mais é normal ver famílias juntas fisicamente mas completamente separadas, um está a ver televisão, outro no tablet, outro no telefone…”. As consequências: deixam de aproveitar os momentos. E de dialogar entre si. “O espaço para o diálogo é fundamental para o bom funcionamento de qualquer relação. Tal ganha ainda mais importância quando estamos a falar de crianças que muitas vezes não sabem lidar com os seus sentimentos e necessitam da nossa ajuda para o fazer”, explica.

A autora começa o livro com um aviso ao leitor. “Não existe uma receita mágica para criar crianças felizes”. Não é disso que trata o livro. Trata-se, sim, de educar a criança num ambiente onde esta possa desenvolver a sua criatividade, imaginação e autoconfiança. Garante que crianças que brincam com os pais são mais felizes. E vice-versa.

É certo que nem sempre é fácil conciliar a vida profissional com a familiar, e ainda ter criatividade e tempo para brincar com os filhos. A autora sabe que este é um dos problemas da atualidade mas defende que, com uma boa gestão do tempo, tudo se consegue. “Sei que todos somos humanos e chegamos cansados a casa, mas se calhar enquanto fazemos o jantar os miúdos podem estar, por exemplo, na cozinha a fazer desenhos na janela (existem umas canetas especiais para desenhar no vidro que se limpam facilmente) e a conversar connosco”. Outra ideia: “enquanto damos banho podemos fazer jogos de palavras ou cantar canções. É sempre possível encontrar espaço para a alegria e a criatividade entrar nas nossas vidas. A televisão é o mais fácil mas, como em muitas outras coisas na vida, nem sempre o que é mais fácil é o melhor para nós”.