Reuniões com as forças políticas à esquerda para criar uma alternativa de governo para as próximas legislativas, primeiro congresso pós-legalização e um regulamento que permita aos apoiantes e membros passarem a ser militantes são algumas das decisões que vão ser tomadas este sábado pelo mais recente partido português, o Partido Livre. Rui Tavares, eurodeputado que não conseguiu a reeleição nestas europeias, assegura que o partido não “é efémero” e que as próximas “legislativas de 2015 serão de mudança”.

Com o curto período entre a aprovação do Partido Livre (20 de março) e as eleições europeias, alguns aspetos práticos e institucionais da organização interna do partido acabaram por não ficar estabelecidos. A reunião da Assembleia, órgão máximo do Livre, acontece este sábado (é aberta a quem queira assistir e será transmitida em streaming) e não vai só decidir sobre questões institucionais. Vai também analisar os resultados das europeias onde o partido obteve 2,2% dos votos, sendo o 6º mais votado, e definir os termos em que o partido se vai apresentar formalmente às restantes forças de esquerda.

Ao Observador, Rui Tavares, porta-voz do Grupo de Contacto – órgão executivo do Livre -, disse que vai propor a realização do primeiro congresso após a formalização do partido para dia 5 de outubro (o primeiro congresso do Livre aconteceu a 31 de janeiro no Porto mesmo antes de ser formalizado como partido pelo Tribunal Constitucional) e que se quer encontrar até lá com as principais forças políticas à esquerda para começar encontrar “formas de convergência”. “Temos noção que o 2º semestre deste ano é crucial para a formação de uma alternativa de governo à esquerda. Foi isto que as pessoas pediram nas europeias”, explica o eurodeputado que não conseguiu reeleição, apesar do Livre ter tido mais votos em Lisboa do que o Bloco de Esquerda – que conseguiu eleger Marisa Matias.

Mesmo com os avanços e recuos do Bloco em relação às convergências com o chumbo da proposta de Ana Drago e depois a abertura dos coordenadores Catarina Martins e João Semedo para entendimentos sem o PS e a atual situação de incerteza na liderança do PS, Tavares considera que “o diálogo se deve estabelecer”. “É normal que os partidos estejam em período de deliberação depois de eleições, mas é muito importante ter uma discussão de conteúdo sobre verdadeiras formas de convergência” alertar o líder do Livre, dizendo que o partido está determinado a que as próximas legislativas sejam de “mudança”.

Rui Tavares defende que no que diz respeito à convergência “já há muito trabalho feito”, o que aumenta a possibilidade de entendimento. O historiador diz que o Congresso das Alternativas mostrou que “há temas que merecem concordância e atenção por parte de gente de diversos partidos à esquerda”, e sublinha a importância “de movimentos como o 3D” e também dos independentes para dar “mais dinâmica à esquerda”.

Quanto a quem disse que o Livre era apenas uma plataforma para eleger Rui Tavares para mais um mandato no Parlamento Europeu, este diz que “nunca” aceitou essa interpretação. “Nas europeias conseguimos criar identidade e mostrar que havia necessidade de um partido com este registo à esquerda. O Livre não é uma coisa efémera” afirma. Entre apoiantes e membros, o partido conta com 1500 inscritos que após esta assembleia se podem converter em militantes. A ideia é começar a cobrar quotas depois do congresso, para permitir ao partido recém formado ter um sede e mais condições para preparar as legislativas de 2015.

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