Jean-Claude Juncker foi nomeado esta tarde para o cargo de presidente da Comissão Europeia pelos líderes de Estado e Governo dos 28 Estados-membros. Cameron conseguiu levar avante a votação do nome do sucessor de Durão Barroso, sendo esmagado por 26 votos a favor e apenas dois contra: Reino Unido e Hungria. Anúncio foi feito pelo presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, no Twitter.

O ex-primeiro-ministro do Luxemburgo e ex-presidente do Eurogrupo, é assim o nome indicado pelo Conselho Europeu para ser votado no plenário de 14 a 17 de julho do Parlamento Europeu em Estrasburgo, naquela que será a última etapa para que Juncker se torne presidente da Comissão Europeia e, desta forma, a pessoa mais influente em Bruxelas.

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“Dia mau para a Europa”

A nomeação de Juncker, que nos últimos dias já era dada como certa apesar da intransigência britânica, está a ser vista na imprensa inglesa como uma “humilhante derrota” de Cameron – apesar de o primeiro-ministro britânico ter sido bem sucedido na intenção de levar pela primeira vez a nomeação do candidato a votos no Conselho.

Cerca de 45 minutos antes de Rompuy dar conta da decisão no Twitter, o primeiro-ministro do Reino Unido partilhava naquela rede social as suas frustrações: “A União Europeia ainda se vai arrepender de ter optado por este processo de seleção do presidente da Comissão”, escreveu Cameron, acrescentando que iria sempre “lutar pelos interesses do Reino Unido”.

Reagindo em conferência de imprensa depois da reunião, Cameron disse que hoje era um “dia mau para a Europa” e que os 26 chefes de Estado que votaram em Juncker tinham cometido um “erro sério” porque, com o luxemburguês em Bruxelas, seria mais difícil levar a cabo as reformas estruturais que diz serem necessárias na União Europeia.

Internamente, o partido trabalhista britânico, na oposição, já acusou David Cameron de ter demonstrado uma “clara falha na liderança”. O Reino Unido e a Hungria foram os únicos dois Estados a votar contra a nomeação de Juncker, depois de países como a Suécia e a Holanda terem retirado o apoio a Cameron nesta matéria.

Barroso felicita, Juncker agradece

Durão Barroso, o ainda homem forte de Bruxelas, foi outro dos que escolheu o Twitter para felicitar a nomeação do luxemburguês, o seu agora quase certo sucessor.

Não tardou a surgir a resposta de Juncker, que agradeceu aos vários Estados-membros – nas várias línguas europeias – o “apoio” que lhe concederam aquando da nomeação. “Estou orgulhosos e honrado”, disse, acrescentando que está “ansioso por começar a trabalhar com os eurodeputados para assegurar uma maioria na votação de 16 de julho no Parlamento”.

A próxima e última fase é a votação no Parlamento. Mas aqui não se avizinham dificuldades para Juncker, uma vez que os líderes dos grupos políticos do Parlamento Europeu já afirmaram que o apoiavam depois de o PPE – família política que o PSD e o CDS integram e por quem Juncker fez campanha nas europeias como candidato a líder da Comissão – ter ganho as eleições a nível europeu. Esta foi a primeira vez que o resultado das eleições têm uma influência direta na nomeação do Conselho.

Pedro Passos Coelho disse várias vezes durante a campanha da Aliança Portugal (que acabaria por perder as eleições) que caso o PPE ganhasse as eleições, Juncker – que Passos diz ser “um amigo de Portugal” e das economias do sul – deveria ser nomeado pelo Conselho Europeu.

Na sequência da indigitação de Juncker, os líder europeus já confirmaram a realização de uma cimeira extraordinária no dia 16 de julho para decidir quem irá ocupar lugares cimeiros da União Europeia. Além da presidência da Comissão serão escolhidos os nomes para os cargos de presidente do Conselho Europeu, que substituirá Van Rompuy, e de Alto Representante da UE para os Assuntos Externos, atualmente assumido por Catherine Ashton. A reunião contará já com a participação de Jean-Claude Juncker, anunciou esta tarde o presidente do Conselho Europeu.

Sobre estas nomeações, o nome de Durão Barroso não está excluído, e Passos disse mesmo esta tarde que teria “prazer” em apoiá-lo para qualquer cargo de relevo dentro da UE.