Ver um jogo do Brasil no Brasil é ir a uma festa. Duvida?

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Isto foi antes do apito inicial no Brasil-Chile. Desde o início da manhã que se ouviam foguetes a rebentar na rua e buzinas. A romaria para cafés e esplanadas começou ainda o ponteiro do relógio não tinha assentado entre os dois 1’s do 11. A uma hora do início do jogo, ao meio dia, hora de Brasília, o “Beco”, um bar na quadra 407 Sul estava completamente cheio. Cadeira sim cadeira sim uma “camisa” (aqui camisola é roupa de dormir de mulher) do Brasil. Amarelas e verdes, azuis e amarelas, verdes escuras, brancas e verdes. O número 10 nas costas de quase todas, o número de Neymar. Há pastéis de carne e de queijo e caldo de feijão com linguiça. Há muita cerveja e algumas caipirinhas. E há samba, claro.

A folia acalma quando começa o hino. Todos de pé, mão no lado esquerdo do peito e gargantas mais ou menos afinadas. Há emoção naquelas palavras que saem gritadas. 18 minutos depois de Howard Webb ter apitado para que a bola começasse a rolar em Belo Horizonte, no Beco, voam os primeiros copos de cerveja de cima da mesa. David Luiz encosta para o fundo das redes defendidas por Bravo e a multidão vai à loucura. Saltos, gritos, abraços. Vale tudo. É golo do Brasil! “Até chorou, o lindo!”

Depois começa o sofrimento. 14 minutos após a explosão de alegria o silêncio. Não há batuque que aguente o golo de Alexis Sanchéz. “Que é isso Hulk?! Porra…”

O Brasil tenta reagir, em Belo Horizonte, mas não consegue. Mais rapidamente os empregados do “Beco” entregam baldes de latão cheios de cerveja do que Neymar consegue incomodar Bravo. Intervalo. E samba!

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A Bateria Furiosa continua a marcar o ritmo lá fora já a bola rola no ecrã. A sambista que ostenta as penas na cabeça senta-se no meio dos amigos para ver o seu, deles, Brasil tentar dar a volta ao Chile. Qual quê? Sem fio de jogo, sem rasgo, os “mininos” de Scolari só dão desgostos a quem está no “Beco”. Aos 55 minutos pontapé na monotonia e golo do Brasil! Novamente saltos e abraços, mais uns copos no chão que a euforia é muita. Mas… “Ah não, não pode!” Pode, porque Webb assim disse. Golo de Hulk anulado. O inglês deve ter ficado com as orelhas a arder perante tanto impropério. Segue o jogo. Neymar tarda em despertar e eles, aqui no “Beco”, impacientam-se. “Vai meu filho!” Nos últimos cinco minutos dos 90 volta o samba, ainda que com todos sentados, só tocam os batuques e os pandeiros. “Vai para os pênaltis”, vaticina a senhora ao meu lado. Vai, mas a esta hora ainda não sabíamos. Primeiro o prolongamento. E enquanto os jogadores, no campo, bebem água e ouvem Scolari, no “Beco”… Samba!

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A bola recomeça a rolar, mas o samba não pára. “Pára bateria! Começou!”, alguém grita de lá de dentro. Em Belo Horizonte a bola não pára no chão, e em Brasília ninguém pára nas cadeiras. “Não jogam porra nenhuma!” Entre alguns insultos a Ramires que erra um passe, há quem aproveite para puxar pelo sentimento centralista. “Quem manda jogar em Minas Gerais?! Devia jogar aqui!” Os minutos passam e os apelos divinos aumentam. “Vai Brasil, por amor de Deus!” Mesmo ao cair do pano Pinilla gela “o pais tropical”. Vai ter “pênaltis”.

O que vos parece que vem aí? Isso. Samba!

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Na montanha russa das emoções dos pénaltis vai-se dos festejos do golo de David Luiz, passando pelos insultos a Wilian por ter falhado, até à euforia total e absoluta quando a bola embate no ferro no último pontapé. Júlio César defendeu dois e é o herói. “É a loucura, velho!” Parabéns ao “imperador”. E ao “país tropical”, da música de Jorge Ben Jor.

E no fim de tudo? Adivinharam. Mais samba, claro!

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