Os eurodeputados portugueses no Parlamento Europeu estão a disputar assentos nas comissões ligadas à economia e finanças com os restantes 27 Estados-membros. Estas comissões, especialmente a Comissão dos Assuntos Económicos e Monetários (ECON), têm-se tornado nos principais centros de discussão das medidas de austeridade e de resolução da crise europeia nesta instituição. Outros interesses dos representantes nacionais e das forças políticas portuguesas são as comissões ligadas ao comércio externo e às liberdades e direitos dos cidadãos.

Com mais de metade de novos eurodeputados, as forças políticas portuguesas, integradas nas suas famílias europeias – todos os eurodeputados portugueses estão inscritos numa das grandes sete grandes grupos políticos europeus -, estão agora a tentar ficar com lugares de destaque dentro das 20 comissões existentes no Parlamento Europeu. Num encontro com jornalistas, os eurodeputados portugueses expressaram os seus interesses no jogo político do Parlamento Europeu.

Segundo Carlos Zorrinho, eurodeputado e coordenador do PS no Parlamento Europeu, a eurodeputada Elisa Ferreira ficará como coordenadora de todos os socialistas na ECON – a eurodeputada Maria João Rodrigues é vice-presidente do grupo dos socialistas europeus e detém os pelouros da economia e emprego. Pedro Silva Pereira foi já confirmado como vice-presidente da comissão de assuntos constitucionais.

Interessado nos lugares na comissão de economia e na do emprego está também João Ferreira, do PCP, tentando assegurar para os deputados comunistas lugares de relevo nesta comissão para continuar a lutar pela “revogação do Tratado Orçamental” e trazer para o debate a “insustentabilidade da dívida” dos países com programas de ajustamento. Também Marisa Matias diz que se vai manter nesta comissão, apesar da diminuição de eurodeputados sofrida pelo Bloco nas últimas eleições.

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Paulo Rangel elegeu como principais prioridades a concretização do mercado interno e o mercado digital, assim como as comissões ligadas ao comércio como a Comissão do Comércio Internacional e a Comissão do Mercado Interno e da Proteção dos Consumidores. Uma das novidades apresentada por Rangel foi uma nova delegação exclusivamente dedicada às relações entre a União Europeia e o Brasil onde deverá haver prioridade para a integração de eurodeputados portugueses já que, segundo o social-democrata, “Portugal será um interlocutor privilegiado”.

Nuno Melo, por seu lado, disse que pretende ficar na Comissão da Agricultura e tentar também o comércio internacional, onde já pertenceu à delegação do Mercosul no mandato passado – o CDS também viu a seu delegação diminuída para apenas um eurodeputado e, apesar do partido ter concorrido em coligação com o PSD e de ambos os partidos integrarem o grupo do PPE, Melo afirma que será um “político autónomo”.

Marinho e Pinto não mostrou preferência por nenhuma comissão específica, mas disse estar especialmente interessado na defesa dos direitos humanos dentro da União. “As empresas e as mercadorias circulam mais do que as pessoas na Europa. As pessoas têm de deixar de ser números”, alega o eurodeputado eleito pelo MPT e que agora integra o grupo dos liberais – sobre isto defende que é “liberal na política e democrata na economia”.

O Parlamento decidiu esta quarta-feira quantas pessoas farão parte de cada uma das 20 comissões. Os membros dos vários grupos políticos que vão integrar estas comissões vão ser conhecidos quinta-feira e os respetivos presidentes e vice-presidentes vão ser anunciados no dia 7 de julho, em Bruxelas.