O coordenador da União de Sindicatos de Viana do Castelo (USVC) considerou esta sexta-feira que o navio Atlântida foi vendido pelos estaleiros locais a “preço de saldo” e reclamou uma investigação a este negócio.

“Foi um crime cometido contra o erário público, já que o navio, novo, foi vendido a preço de saldo. Espero que, apesar da venda da embarcação, se apurem as responsabilidades. A administração dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC) e o Governo sabem quem são as pessoas que têm responsabilidades neste caso. Haja coragem para resolver o problema”, disse Branco Viana em declarações à agência Lusa.

O navio, que o Governo dos Açores encomendou aos ENVC e depois rejeitou, foi vendido na quinta-feira, por decisão da administração da empresa pública, ao armador Thesarco Shipping.

A proposta do armador grego foi a melhor das três apresentadas ao concurso público internacional lançado em março deste ano pela administração dos estaleiros, que tinha como único critério a melhor proposta financeira.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A estrutura sindical continua a defender a necessidade de “uma investigação séria” ao caso do navio concluído desde maio de 2009, avaliado em 29 milhões de euros no relatório e contas dos ENVC de 2012, que deveria ter rendido quase 50 milhões de euros.

“Oxalá situações destas não aconteçam mais no país, porque depois são as finanças públicas que acabam por pagar esses crimes ou essa má gestão dos dinheiros públicos. Esperemos que a culpa não morra solteira”, apelou o coordenador da USVC.

Fonte dos ENVC disse na quinta-feira à agência Lusa que a administração da empresa pública tinha aceitado a proposta do armador grego, que vai agora ser notificado da decisão, seguindo-se um prazo de 15 dias para proceder à assinatura do contrato.

A mesma fonte adiantou que, em caso de incumprimento deste prazo, o programa de procedimento prevê a possibilidade de adjudicação ao segundo classificado, a Mystic Cruises, do grupo Douro Azul (cruzeiros turísticos), por um valor que ronda os oito milhões de euros.

O navio foi colocado à venda pela administração dos ENVC através de concurso público internacional lançado a 11 de março.

Concorreram três empresas, a Mystic Cruises, do grupo Douro Azul (cruzeiros turísticos), o consórcio M. D. Roelofs Beheer BV e Chevalier Floatels BV (empresas holandesas representadas por um grupo espanhol) e os gregos da Thesarco Shipping.

A proposta mais baixa foi a dos holandeses, rondando os quatro milhões de euros.

O júri do concurso foi presidido por um elemento da Inspeção-Geral de Finanças, integrando ainda representantes da Direção-Geral do Tesouro e Finanças e da Direção-Geral de Armamento e Infraestruturas de Defesa.

O navio foi construído nos ENVC, por encomenda do Governo dos Açores, que depois o rejeitaria em 2009 devido a um nó de diferença em relação à velocidade máxima contratada.

Os ENVC estão em processo de liquidação, tendo os terrenos e infraestruturas sido subconcessionadas ao grupo privado Martifer, que criou para o efeito a West Sea.

A nova empresa tomou posse no dia 02 de maio e já contratou 60 ex-funcionários da empresa pública.