O presidente executivo demissionário do BES, Ricardo Salgado, comprou dois milhões de ações da EDP durante o processo de privatização da elétrica nacional, numa altura em que o Banco Espírito Santo Investimento (BESI) estava a prestar assessoria financeira à China Three Gorges, que viria a ganhar o concurso de privatização da EDP.

Segundo o jornal i, que traz a história na capa da sua edição desta sexta-feira, Salgado terá sabido, através de Ricciardi – à data presidente da comissão executiva do BESI – os valores das propostas apresentadas pelos concorrentes da China Three Gorges, o que permitiu a Salgado comprar ações em momentos-chave do processo.

Estes acontecimentos constam do processo Monte Branco, no âmbito do qual o Departamento Criminal de Investigação e Ação Penal (DCIAP) vem investigando suspeitas de fraudes fiscais, branqueamento de capitais, abuso de informação privilegiada e tráfico de influências durante as privatizações da EDP e da REN. Tanto Ricardo Salgado como José Maria Ricciardi estariam com os telemóveis sob escuta neste período, avança a revista Sábado, o que terá permitido saber agora destas informações.

Ricardo Salgado terá comprado ações em três momentos específicos: a 10 de novembro de 2011, dia em que o Conselho de Ministros decidiu que empresas discutiriam a privatização da elétrica (o valor mínimo pedido pelo Governo era de 2,85 euros, Salgado comprou ações a 2,31 euros cada); em final de novembro, em montantes que o i diz não ter conseguido apurar; e poucos dias depois de as quatro empresas finalistas terem apresentado as suas propostas para a compra das ações da empresa.

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