Que jogo! Deixou de ser uma disputa desportiva para passar a ser um filme de aventuras cheio de dramatismo. O título da película, claro, foi Esplendor na Relva. Sem sinais de cansaço, jogou-se ao máximo durante 4 horas. O quinto set (6-4) foi sem falhas de serviço até perto do final, mas Federer cedeu e entregou o título da velha casa britânica ao sérvio.

Quando, no início do quarto set, Djokovic conseguiu um break e passou a liderar por 3-1, celebrou como se tivesse conquistado uma meia-final. Mas logo de seguida Federer quebrou o serviço do sérvio, e os seus saltos de alegria contagiaram as bancadas Wimbledon, que agora apoiavam declaradamente o suíço. Djoko respondeu, à bruta: quebrou outra vez o serviço e de Federer, que só equilibrou no limite… E depois dominou: 7-5 para o suíço depois de o sérvio ter estado a vencer por 5-2.

O extremo equilíbrio foi a nota dominante desta excelente final. O terceiro set (6-6) precisou de ir a tie-break, onde Djokovic foi imperial e dominou por 7-4. A final manteve-se sempre ao rubro, com grandes jogadas e serviços magistrais. A verdade é que num jogo muito disputado, convém que o resultado também o seja.

Djokovic empatou o jogo ao vencer o segundo set (6-4), tinha ficado um para cada um ao fim de 110 minutos. O nível exibicional manteve-se alto e o equilíbrio também. O primeiro break de serviço demorou 15 jogos a chegar: No início do segundo set, Djokovic quebrou o serviço de Federer e liderou 2-1, com o próximo serviço nas mãos do sérvio. Djokovic pediu para ser assistido no tornozelo devido a uma queda ligeira, mas não houve consequências.

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No primeiro set (6-6) não houve um único jogo de break e por isso tudo terminou no tie-break (9-7), com vitória para Roger Federer. Os dois tenistas estiveram sempre muito concentrados e os pontos em disputa refletiram isso mesmo: grande apuro técnico e riqueza de soluções num jogo rápido e disputado. Deve ter sido o melhor primeiro set de uma final atp este ano… Ocorreu apenas uma ligeira interrupção graças à chuva, mas o jogo rapidamente regressou às relvas do court central.

Federer parece ter passado as últimas três épocas à espera de um momento em que tudo se conjugasse: a relva, o brio, o recorde e a diversão. O suíço joga como se fosse um menino e mostrou um nível de ténis que já raramente se via naquela direita com 32 anos. Do outro lado está um Djokovic ao melhor nível — o sérvio perdeu quatro das cinco últimas finais do Grand Slam e aproveitou a oportunidade de não ter Nadal à frente nem areia nos pés. Ganhou e recuperou o primeiro lugar no ranking ATP.

Em jogo estava um capítulo nos compêndios: se Roger Federer vencesse, seria o primeiro a ganhar Wimbledon por oito vezes. Em 2008, a sua única final perdida em terras britânicas contra Nadal foi considerada por muitos a melhor de toda a história do torneio inglês — mas a de hoje promete fazer-lhe sombra. Acontece que em 2008, ao mesmo tempo que se jogava esse ténis memorável, corria-se em Silverstone e Lewis Hamilton vencia. Hoje, enquanto se jogava, correu-se também em Silverstone e… ganhou Hamilton.