A criatividade de George Méliès, associada às maravilhas do animatógrafo, ajudaram a disseminar o sonho da ida à Lua logo no início do século XX. A Viagem à Lua é um filme de 1902 que se inspira na obra de Jules Verne, bem como noutras da época, que trabalhavam o imaginário espacial. A história é mirabolante, como convém: um grupo de astrónomos é disparado para a lua num foguete, a partir de um canhão; exploram alegremente a superfície até que dão de caras com os selenitas, habitantes da lua, que os querem aprisionar; fogem deles e conseguem regressar à Terra, trazendo consigo um dos estranhos habitantes.

Ainda naturalmente mudo, o filme original tem 13 minutos, o que era muito raro para a época. E isso, junto com os inovadores efeitos especiais, fez do filme uma obra extremamente popular e um imediato sucesso — o que levou a que, por sua vez, surgissem dezenas de cópias pirateadas espalhadas pelos Estados Unidos e pela Europa. Tornou-se popular a versão a preto e branco, mas em 1993 descobriu-se uma versão original pintada à mão, que foi restaurada em 2011.

Homem dos efeitos especiais, George Méliès começou por ser mágico. Mas assim que viu pela primeira vez a novidade chamada animatógrafo, começou a explorar as suas possibilidades. Graças a uma abordagem criativa conseguiu ser dos primeiros a explorar técnicas como o stop-motion ou o timelapse, tendo ainda inovado nos estilos: foi dos primeiros a abordar temáticas de ficção científica (La Voyage Impossible) e também de horror (Le Manoir de Diablo).

Este filme foi o primeiro a integrar a lista de Património da Humanidade desenvolvida pela Unesco, tendo também sido incluído na lista dos 100 melhores filmes do século XX desenvolvida pela Village Voice. A imagem do foguetão na lua, reproduzida na fotografia deste artigo, continua ainda hoje a ser das mais icónicas da história do cinema. Se nunca viu, não perca a oportunidade:

La Voyage Dans la Lune

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