O empresário marroquino Othman Benjelloun apresentou nesta terça-feira a sua renúncia ao cargo que desempenhava na administração da Espírito Santo Financial Group (ESFG), seguindo a decisão já tomada por José Maria Ricciardi, por Patrick Monteiro de Barros e por António Ricciardi.

A renúncia de Othman Benjelloun, que é o homem mais rico de Marrocos e o sétimo mais rico de África, de acordo com a lista de 2013 publicada pela revista norte-americana Forbes, tem “efeitos imediatos”, lê-se no comunicado enviado pela ESFG à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). Esta é a mais recente baixa no conselho de administração do ESFG, que é o principal acionista do Banco Espírito Santo (BES), com uma posição de 20,1%.

Há quase um mês, José Maria Ricciardi, ex-administrador do Banco Espírito Santo (BES), foi o primeiro a renunciar ao cargo na ESFG. No mesmo dia (24 de junho), a entidade deu conta que o seu administrador Jackson Behr Gilbert também deixou a instituição, neste caso, por ter atingido a idade de reforma. Depois, a 7 de julho, foi a vez de o empresário português Patrick Monteiro de Barros abandonar a administração da ESFG, seguindo-se-lhe o comandante António Ricciardi, pai de José Maria Ricciardi, a 16 de julho.

O conselho de administração da ESFG é presidido por Ricardo Salgado (ex-presidente executivo do BES), que foi eleito no final de maio para um novo mandato à frente da entidade até 2020. José Manuel Espírito Santo Silva é o vice-presidente e na página oficial do ESFG na Internet constam os nomes dos restantes 11 administradores, ainda incluindo Othman Benjelloun.

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Agora, após o anúncio de Othman Benjelloun, passam a subsistir 10 administradores: Philippe Guiral, Pedro Brito e Cunha, Yves Morvan, Fernado Pereira Coutinho, José Cardoso Castella, Bernard Basecqz, Gherard Petracchini, José Ruivo da Pena, Luís Daun e Lorena, e Roger Hartmann.

A ESFG disse hoje adeus ao principal índice da bolsa portuguesa, já não constando da listagem do PSI 20, uma vez que a negociação das suas ações estava suspensa desde 10 de julho. Os títulos da ESFG sofreram uma forte desvalorização desde que foram tornados públicos graves problemas na área não financeira do Grupo Espírito Santo (GES).

Na última sessão bolsista de 2013, os papéis da ESFG contavam com um preço unitário de 4,858 euros na praça portuguesa e, a 10 de julho, no último dia em que foram negociados, estavam cotados nos 1,185 euros por ação. A empresa perdeu mais de 75% do valor em 2014, valendo em meados de julho quatro vezes menos do que no final do ano passado. A 10 de julho, a ESFG revelou que a decisão de suspender a negociação das suas ações e obrigações foi tomada devido “a dificuldades materiais em curso”, especialmente do seu maior acionista Espírito Santo Internacional (ESI).

Entretanto, a ESI avançou na semana passada com um pedido de gestão controlada no Luxemburgo, alegando que não está em condições de cumprir com as suas obrigações quanto ao pagamento das dívidas. Hoje, o Tribunal do Comércio do Luxemburgo “declarou admissível o pedido” da ESI e “colocou” a empresa em regime de gestão controlada, tendo a vice-presidente daquela instância, a juíza Karin Guillaume, sido nomeada como relatora “sobre a situação comercial da requerente”.