A Câmara de Lisboa pretende requalificar o Museu do Design e da Moda (MUDE) para preservar o património e adaptá-lo às exigências atuais, segundo uma proposta que vai ser debatida na quarta-feira na reunião pública do executivo.

A intervenção visa “reforçar a identidade arquitetónica singular do edifício mas ao mesmo tempo dotar o espaço dos equipamentos necessários às exigências museológicas, nomeadamente no que respeita à segurança estrutural, vigilância e segurança contra intrusão, sistemas de comunicação, circulação de pessoas e peças, segurança contra risco de incêndio”, lê-se no documento assinado pelos vereadores com o pelouro das Obras, Jorge Máximo, e da Cultura, Catarina Vaz Pinto, ao qual a agência Lusa teve acesso.

Porém, “perante a especificidade do local e as dificuldades em reunir os recursos económicos necessários à reabilitação integral do edifício, o novo conceito museológico entende o MUDE como um ‘work in progress’ [trabalho em curso], entendendo-se o espaço como um legado vivo, a preservar e valorizar esteticamente”, refere a proposta, não estipulando, porém, datas ou orçamentos. A Lusa procurou obter estes dados junto da autarquia, o que não foi ainda possível.

O programa preliminar da requalificação integral do edifício, anexo à proposta da câmara, salienta que o intuito é que o MUDE venha a ser um “projeto museológico dinâmico, aberto e inovador”, com um “polo museológico do design dos séculos XX/XXI”, permitindo assim “desenvolver uma programação onde estejam presentes as diferentes perspetivas e linguagens do design, colocando-as em diálogo com as outras áreas da criação contemporânea”.

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A par disso, pretende-se aprofundar o estudo da Coleção Francisco Capelo e restante acervo, garantindo melhores condições para a sua conservação, investigação, apresentação, divulgação e internacionalização. Os criadores portugueses, as empresas nacionais e as instituições de ensino não serão esquecidos neste processo, que visa também afirmar a cidade de Lisboa “no círculo das grandes capitais culturais, para o seu desenvolvimento sustentado e para a reanimação do centro histórico da cidade”.

No rés-do-chão, haverá uma livraria/loja concessionada, com entrada e saída independentes (Rua Augusta e Rua da Prata), o que permite o livre acesso e o funcionamento durante toda a semana, tornando-se uma galeria comercial coberta ou um prolongamento da rua. No piso 1 também estarão as áreas administrativas e as zonas de acesso público, como o centro de documentação – constituído pela Sala Pereira Coutinho e o arquivo – e a área expositiva.

No piso 2 existirão três núcleos, um com uma área expositiva, outro com os serviços educativos (duas a três salas) e o restante constituído pelo auditório (com capacidade para 200 pessoas), salas de apoio e cafetaria. No terceiro piso estará uma área expositiva de acesso público. O quarto piso contará com o mesmo tipo de espaço e outro de reserva do museu e o quinto terá serviços. No sexto, o restaurante existente vai ser ampliado, para receber 80 a 100 pessoas, e haverá esplanada.

O MUDE situa-se no edifício da antiga sede do Banco Nacional Ultramarino, na Baixa Pombalina, e a entrada principal é feita pela Rua Augusta. Desde a sua inauguração, em 2009, foram feitas 39 exposições temporárias e mais de 300 eventos. Até 2013, o MUDE foi visto por 1,3 milhões de visitantes.