De norte a sul do país a realização da Prova de Avaliação de Capacidades e Conhecimentos (PACC) resultou em contestação. Há várias queixas, desde o protesto contra a realização passando pela falta de informação e acabando nos professores que se queixam de quererem fazer a prova e não poderem porque o nome não consta na lista de inscritos.

Contactado pelo Observador, o Ministério da Educação e Ciência ainda não presta declarações, nem sobre o número de professores que realizaram a prova, nem sobre as escolas onde as provas deveriam decorrer. O ministério aguardará o fim da prova, às 12h30, para receber as informações das escolas. Durante a tarde emitirá um comunicado sobre o assunto.

Na Escola Secundária Rodrigues de Freitas, na Cedofeita, Porto, cerca de 20 manifestantes invadiram a escola com o objetivo de boicotar a prova, obrigando à presença da PSP no local. Os manifestantes, que se identificaram como professores “solidários” com os colegas que têm que fazer “uma prova injusta”, entraram no átrio e corredores da escola com apitos, tachos e megafones, para perturbar a realização do exame. Dos 50 professores que estavam inscritos para realizar a prova, compareceram apenas 12 até às 10:30.

Em Évora, dirigentes sindicais foram impedidos de entrar numa escola, onde decorria a prova de avaliação de professores esta terça-feira de manhã, tendo anunciado uma queixa-crime contra a direção do estabelecimento. “Vamos apresentar uma queixa-crime em procedimento com a legislação, que diz que ninguém pode impedir os sindicatos de desenvolver a sua atividade sindical”, afirmou Manuel Nobre, presidente do Sindicato dos Professores da Zona Sul (SPZS), afeto à Fenprof.

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Numa das entradas da Escola Secundária André de Gouveia, em Évora, Manuel Nobre tentou forçar a entrada no estabelecimento, mas foi impedido por funcionários, tendo a PSP identificado os envolvidos. Por uma das portas da escola, entraram os professores que iam realizar a prova, por outra entraram os docentes para serviço de vigilância aos colegas. Numa das portas, os sindicalistas colocaram um cartaz onde se podia ler: “Professores em luta por uma profissão digna. Escola de qualidade”.

Quem não tem prova não entra

Um professor de Matemática e Ciências do Agrupamento de Escolas do Viso, em Viseu, apresentou hoje uma queixa na Guarda Nacional Republicana (GNR) daquela cidade por ter sido impedido de entrar na escola onde leciona. Em declarações à agência Lusa, Rui Martins explicou que está de férias, mas precisava de tratar de um assunto na secretaria da unidade de ensino, tendo sido impedido de entrar.

“Tinha um assunto para resolver na secretaria e estou impedido de o fazer, por isso, participei à GNR. Lamentavelmente estou impedido de entrar na escola onde leciono há muitos anos. Isto não lembra a ninguém. Estou estupefacto, revoltado”, sublinhou.

Rui Silva contou que o assistente operacional, que está a porta da escola, lhe disse que tinha uma lista dos professores que estavam recrutados para o serviço especial, que tem a ver com a prova de exame, e só esses  podiam entrar. “Eu vim aqui resolver um assunto meu, como professor desta escola e que nada tem a ver com isto e estou impedido de o fazer. Vou ficar mais um pouco junto à entrada da escola e depois vou-me embora”, disse.