Orgasmo. Clímax. Conclusão do ciclo de resposta sexual; o maior momento de prazer; grau máximo de excitação fisiológica. As explicações são muitas. As formas de provocar a sensação são muitas e têm merecido o interesse da robótica e do cinema.

Em 1973, Woody Allen preconizava o orgasmo do futuro. No filme “O Herói do Ano 2000”, uma comédia de ficção científica, uma das estrelas era o Orgasmatron – a máquina que iria revolucionar o clímax das relações sexuais. Em poucos segundos, a experiência numa cabine provocava o máximo de prazer sexual sem qualquer contacto físico.

Mais de 40 anos depois, ninguém fez a vontade a Woody Allen, mas os especialistas em robótica apresentaram alternativas. Em 2009, o Instituto Nacional de Ciência, Indústria e Tecnologia Avançada (AIST) do Japão criou o HRP-4C – um robot feminino que canta e dança. Na altura os responsáveis do AIST referiram: “Uma das vantagens dos robots humanos é o entretenimento, que é proporcionado pelos movimentos muito reais, semelhantes aos dos humanos”. A fusão da tecnologia com a realidade parece estar cada vez mais perto da concretização total. Logo no ano seguinte, Douglas Hines anunciou a criação da Roxxxy – um robot sexual. “Usámos a inteligência artificial e demos-lhe uma forma humana”, explicou o criador do robot, através da empresa TrueCompanion, em 2010.

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Na verdade, a Roxxxy pode ser configurada. Tem 1,70 cm, pesa 54 quilos e uma “pele macia, semelhante à humana”. A cor do cabelo, dos olhos e da pele são escolhidas pelo comprador, como mostram as tabelas no site da empresa. Mas esta “boneca” é muito mais do que um objeto sexual. Os responsáveis da empresa afirmam: “consegue alimentar uma discussão e expressar amor Ela fala, ouve-o e sente o seu toque.” Se quiser aumentar o vocabulário da robot, pode fazer uma atualização ligando-a ao computador portátil e à Internet. Douglas Hines, o criador da Roxxxy, defende que há uma grande oportunidade na indústria do sexo para o crescimento da robótica, embora ainda com algumas limitações. “Um robot humano de plástico e metal não substituiu o humano, mas chegaremos lá”, reconhece em entrevista à BBC. “A fronteira entre o que é mecânico e o que é real vai ficar cada vez mais fina. São tempos muito excitantes”, remata. Para levar a Roxxxy para casa, é preciso pagar 995 dólares – 744 euros.

A sexualidade e a tecnologia andam de mãos dadas na investigação, mas também no cinema. Em 2013, o filme Her contou a história de um homem que teve uma relação com uma mulher que estava… no seu telemóvel. A companheira virtual atendia a todas as suas necessidades e, sem nunca ter uma presença física, proporcionou um orgasmo ao escritor de Nova Iorque.

A busca pelo prazer sexual deve ser incentivada mas há necessidades que não podem ser suprimidas por um robot, avisa Sherry Turkle, professora no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (EUA). “Se estão a tentar resolver um problema de companhia com um robot, não estão a resolver com quem têm de o fazer, como a família e amigos”, explica à BBC. A verdade é que o uso de um robot para o prazer sexual começa a ser uma realidade aceite por alguns. Num inquérito da One Poll, em maio de 2014, 17 por cento dos ingleses entrevistados disseram que teriam relações sexuais com um robot.

Em 2050, os robots vão substituir os humanos nas relações sexuais. É esta a tese de dois investigadores da Universidade de Victoria, em Melbourne (Austrália), que escreveram o artigo “Robots, Men and Sex Tourism” (tradução: Robots, homens e turismo sexual). A robótica pode ter um papel importante na “eliminação do tráfico sexual e da prostituição”, sugerem os autores do estudo de 2012. “Sexo com robots é sexo seguro, sem ser preciso tomar precauções”, concluem. “É o futuro”.