Conhecer a Comporta, o destino onde europeus endinheirados podem “desaparecer” (“go off the grid”, expressão inglesa). É assim que a Business Insider começa por descrever a Herdade da Comporta, a maior propriedade nacional detida por privados e que se estende por 12.500 hectares na região rural do Alentejo (o artigo é original da Condé Nast Traveler).

O artigo dá conta de uma terra intocada, tal como descreve a jornalista Maura Egan, que cita diversos intervenientes, incluindo Isabel Carvalho, dona do restaurante Museu do Arroz: “As pessoas vêm aqui porque isto lhes faz lembrar de Saint-Tropez no anos 1970”. Mas também de Ibiza nos anos 1980 ou dos Hamptons na década de 1990. “O meu marido cresceu em Angola”, diz Isabel Carvalho. “E a primeira vez que aqui chegou, disse-me que isto lhe fazia lembrar África”.

Reminiscências à parte, a referência à família Espírito Santo é inevitável. A jornalista encara-a como uma das maiores dinastias bancárias de Portugal, se não do mundo. Talvez por isso tenha sido capaz de, à data, ter adquirido um lote de terra maior do que a cidade de Lisboa. “A família apaixonou-se com a paisagem desimpedida”, escreve Maura Egan, mas também pelos quilómetros de praias desertas, florestas densas cobertas de pinheiros mansos, sobreiros e campos de arroz. Motivos mais do que suficientes para que a Herdade da Comporta se transformasse no “playground privado” dos Espírito Santo.

A peça dá ainda conta da presença de figuras internacionais na Herdade. E dá como exemplo a Princesa Carolina e a aristocracia francesa. Mas também alguns dos cerca de 3.500 residentes a tempo inteiro — uma clara divisão sócio-económica entre os moradores e as multidões de verão, diz a autora, que recorda também a polémica em torno da citação de Cristina Espírito Santo no ano passado: “É como brincar aos pobrezinhos”.

“No fins-de-semana, durante a siesta entre a hora do almoço e do cocktail, o principal cruzamento da aldeia da Comporta fica entupido com BMWs, Range Rovers e os ocasionais dune buggy”. Se, por um lado, veem-se senhoras de idade a comer gelados de cone, por outro, há pessoas a comprar produtos como vinho do Porto, sardinhas em lata e cestos de palha. O certo é que por ali marcam presença distintas boutiques para diferentes estilos de vida. O artigo termina com uma citação do artista Jason Martin: “Passo muito tempo a viajar no circuito de arte que esta parece ser uma vida muito genuína [a vida na Comporta]. E desde que este sítio não se estrague como o Algarve, é o tesouro escondido da Europa”.

 

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