“Eu caminhei entre cadáveres. É terrível. Vi quatro cadáveres a sair [do hospital]; ver-me a mim a sair deixa-me muito entusiasmado. Estou muito feliz”, começou por dizer Alhassan Kemokai, natural da Serra Leoa, numa reportagem do Guardian. Este africano contraiu Ébola quando cuidava da mãe, que acabaria por morrer vítima do vírus, e teve agora alta do Hospital Kenema.

Quando a mãe morreu, Kemokai começou a sentir alguns sintomas nove dias depois, nomeadamente febre, o que o levou a isolar-se num quarto, longe da mulher e dos filhos. Três dias volvidos, sem quaisquer sinais de melhorias, o homem decidiu deslocar-se ao hospital. Na caminhada de quase cinco quilómetros procurou evitar as pessoas na rua. O hospital onde esteve internado, em Kenema, tinha poucos recursos, mas Kemokai acabaria por sair 12 dias depois de dar entrada. Estava curado. “Agora que saí do hospital, estou sempre a brincar com a minha família”, disse.

São apenas 30% aqueles que recuperaram totalmente sem cura ou vacina anunciadas. Segundo o Guardian, ainda não se sabe por que razão uns sobrevivem e outros não resistem ao vírus, mas os cientistas acreditam que pode ter a ver com genética. O surto de Ébola já matou mais de 1.300 pessoas na África Ocidental e não tem dado provas de abrandar.

Esta história chega um dia depois da notícia de que dois norte-americanos haviam sido curados com ZMapp, um fármaco experimental. Kent Brantly e Nancy Writebol contraíram Ébola num hospital da Libéria onde trabalhavam e foram transportados para Atlanta, nos Estados Unidos, onde acabariam por recuperar totalmente.

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MAIS DOIS CASOS PREOCUPANTES NA NIGÉRIA

Onyebuchi Chukwu, ministro da Saúde nigeriano, confirmou esta sexta-feira mais dois casos de Ébola no país, conta a Time. Neste caso a preocupação das autoridades prende-se com o facto de estas duas pessoas não terem estado em contacto com o passageiro que terá levado o vírus para o país, quando viajava da Libéria. Chukwu informou que os infetados são duas mulheres de técnicos de saúde, que acabaram por morrer quando tratavam Patrick Sawyer, o tal américo-liberiano que voou para o país no mês passado, acabando por infetar 11 pessoas. Sawyer também morreu.

Com estes dois novos casos, a Nigéria conta com 14 pacientes infetados com Ébola: cinco morreram e cinco recuperaram.