Kent Brantly, de 33 anos, e Nancy Writebol, de 59, foram os primeiros pacientes infetados com Ébola curados com o fármaco experimental ZMapp. Os norte-americanos contraíram o vírus enquanto trabalhavam num hospital na Libéria e foram enviados no início do mês para Atlanta, nos Estados Unidos. Apesar de ambos já terem recebido alta, ainda existem muitas dúvidas sobre o ZMapp, o fármaco que, até então, tinha sido apenas testado em macacos, e que constitui agora uma esperança para a cura do surto do Ébola. E também sobre o que agora acontece aos que recuperaram. Eis algumas questões, levantadas pela CNN e aqui recuperadas pelo Observador.

Kent Brantly e Nancy Writebol estão mesmo curados?

Na prática, sim. Para que um paciente possa sair do isolamento, têm que ser realizados dois testes ao sangue — e ambos têm que apresentar resultados negativos em relação à presença do vírus do Ébola. No entanto, há alguns cuidados a reter, de acordo com a Organização Mundial de Saúde, já que a doença pode ser transmitida através do sémen ou de fluídos vaginais até sete semanas após a recuperação.

E agora ambos são imunes ao Ébola?

Os médicos responsáveis pelos casos clínicos de Kent e Nancy acreditam que sim. De acordo com a CNN, existem estudos científicos que mostram que os sobreviventes ao Ébola criaram anticorpos que previnem o desenvolvimento da doença. Mas ainda não existem garantias de que, uma vez curado do Ébola, se ganhe imunidade, apesar de a norma ser essa em doenças mais comuns como a varicela e a papeira.

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O ZMapp já foi administrado a mais alguém?

Sim, a Miguel Pajares, o padre espanhol que foi repatriado da Libéria, onde contraiu a doença. O missionário de 75 anos acabaria por morrer no hospital Carlos III, em Madrid. Só se avançou com o tratamento depois de o médico ter pedido autorização a Miguel Pajares mas, apesar de já estar a ser tratado há alguns dias, o padre não resistiu à doença.

E existem alternativas ao ZMapp?

Existem outros tratamentos experimentais a serem desenvolvidos, mas ainda nenhum provou ser eficaz em humanos. Como o Ébola é uma doença rara e praticamente restrita a países sub-desenvolvidos, o mercado rico para estes medicamentos é pequeno, o que dificulta o financiamento a novos tratamentos.

Por ora, aquele que tem registado resultados positivos é apenas o ZMapp, criado pela Mapp Biopharmaceutical Inc., uma empresa sediada em São Diego, que consiste numa solução de anticorpos. Estes foram obtidos da seguinte forma: o sistema imunitário de cobaias expostas a um vírus desenvolve anticorpos específicos contra ele; os glóbulos brancos que os produzem (linfócitos) são isolados em laboratório e multiplicados por processos de cultura celular. Neste caso, foram separadas três linhas celulares (clones ou “famílias” de células) que produziram anticorpos específicos muito eficazes contra o Ébola. Estes três anticorpos, reunidos numa solução única, são a base deste “super medicamento”.

Então não existe uma vacina?

Uma vacina preventiva contra o Ébola deverá passar à fase de ensaios clínicos em setembro e poderá estar disponível em 2015, disse, no início do mês, o diretor do Departamento de Vacinas e Imunização da Organização Mundial de Saúde (OMS) à rádio francesa RFI. Segundo o responsável, em setembro devem avançar os ensaios clínicos da vacina que está a ser desenvolvida no laboratório britânico GSK, primeiro nos Estados Unidos e depois num país africano, uma vez que é em países do continente africano que têm surgido todos os casos.

Onde podemos saber mais sobre o Ébola?

Pode saber mais sobre o surto no nosso explicador que temos em atualização permanente aqui.