Comprar mochilas, cadernos e manuais escolares. Tirar as medidas e encomendar fardas. Adaptar o horário da família ao horário escolar. Estas são algumas das tarefas que ocupam pais que, um pouco por todo o mundo, se preparam para o regresso dos filhos às aulas. A UNICEF quebrou o encanto e a normalidade desta imagem típica ao fazer o levantamento das crianças que não regressam à escola durante o mês de setembro por viverem em países afetados por conflitos e crises. São 30 milhões, avisa o fundo das Nações Unidas que dá assistência a mães e crianças em países em vias de desenvolvimento.

Entre escolas atacadas, professores e crianças raptados, deslocados ou doentes, a UNICEF estima que a nível mundial cerca de metade de todas as crianças estão fora da escola. Trata-se de “um número recorde de situações de emergência. O número de crianças em risco é o maior de sempre”, diz Josephine Bourne, responsável pelos Programas de Educação da UNICEF.  O fundo da ONU tentar manter as oportunidades de aprendizagem para as crianças, mesmo em situações de crise, mas chama a atenção para o défice em termos de financiamento dos programas de educação de emergência. “No ano passado, os programas de educação em emergências apoiados pela UNICEF receberam apenas 2% do total de fundos angariados para assistência humanitária, o que representa um défice de 247 milhões de dólares”, disse Josephine Bourne, numa nota enviada às redações.

O levantamento feito pela UNICEF revela o seguinte cenário:

  • Na Libéria e na Serra Leoa estima-se que mais de 3,5 milhões de crianças serão afetadas pelo encerramento de escolas do ensino primário e secundário devido ao surto de ébola.
  • Cerca de 1/3 das escolas na República Centro Africana foram atingidas por armas de fogo, incendiadas, pilhadas ou ocupadas por grupos armados.
  • Na Faixa de Gaza, mais de uma centena de escolas foram transformadas em abrigos por 300 mil pessoas deslocadas.
  • Na Nigéria, o grupo Boko Haram matou ou raptou alunos e professores no nordeste do país. Mais de 200 raparigas não foram ainda libertadas.
  • A crise na Ucrânia afetou cerca de 290 escolas, que ficaram destruídas ou foram danificadas.
  • Perto de três milhões de crianças, o que corresponde a metade da população escolar da Síria, não vão à escola de forma regular.

 

 

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