O Governo garantiu esta quarta-feira que o investimento de seis milhões na requalificação do navio Atlântida anunciado pela Douro Azul “garante postos de trabalho” em Viana do Castelo, mas a Martifer (que ficou com a concessão daqueles estaleiros públicos) recusa fazer um balanço e previsão sobre números de empregos. Fonte da empresa afirmou ao Observador que só em outubro esse balanço será divulgado.

De acordo com o porta-voz do Ministério da Defesa, Nuno Maia, aquele investimento “vem cumprir o objetivo” da solução encontrada pelo Governo para os Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC), a subconcessão à West Sea, e “desmentir aqueles que ao longo do último ano disseram que o Governo estava a matar a construção e reparação naval” na cidade.

O presidente da Douro Azul, Mário Ferreira avançou terça-feira à agência Lusa que vai investir seis milhões de euros para transformar o ‘ferryboat’ em navio de cruzeiros e que essa intervenção vai decorrer em Viana do Castelo, na West Sea, empresa subconcessionária dos ENVC, onde o navio foi construído.

A adjudicação do navio à Mystic Cruises, do grupo Douro Azul, vai ser formalizada na sexta-feira.

O contrato de compra e venda por 8, 750 milhões de euros vai ser assinado às 12:00, nas instalações dos ENVC, em fase de extinção.

“A Douro Azul tem capitais próprios suficientes para adquirir este navio e está neste momento a negociar com três bancos portugueses o financiamento [para obras de remodelação]. Estou convencido de que dos três bancos teremos notícias positivas a muito curto prazo”, afirmou Mário Ferreira.

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De acordo com Mário Ferreira, o ‘ferryboat’ vai ser transformado num navio de cruzeiros, com capacidade para 156 passageiros e 100 tripulantes para operar na Amazónia, no Brasil.

Os ENVC decidiram a adjudicação do navio à Douro Azul a 31 de julho, depois de terminado o segundo prazo atribuído à Thesarco Shipping, o armador grego que venceu o concurso para a venda do navio, para pagar os quase 13 milhões de euros que tinha proposto, sem que o tenha feito.

O navio foi construído nos ENVC, por encomenda do Governo dos Açores, que depois o rejeitaria em 2009 devido a um nó de diferença na velocidade máxima contratada.

A fonte oficial do gabinete do Ministro José Pedro Aguiar-Branco realçou hoje a “conclusão de um processo difícil, herdado do anterior Governo socialista, que ficou resolvido com toda a transparência”.

“O Atlântida foi vendido em concurso público internacional, com regras claras e toda a transparência”, sustentou o porta-voz do Ministério da Defesa Nacional.

Nuno Maia acrescentou que, “já depois de encerrado o concurso público internacional, surgiram manifestações de interesse na aquisição direta do navio que nunca foram equacionadas”.

De acordo com a mesma fonte, esta foi a “solução possível” para o caso Atlântida, depois de “desenvolvidos esforços, sem sucesso, para que o ‘ferryboat’ fosse colocado no destino para o qual foi construído, os Açores”.

O Atlântida deveria ter rendido 50 milhões de euros, mas os custos totais com a resolução do contrato com o Açores já custou cerca de 70 milhões de euros.

Da encomenda à rejeição pelos Açores, o negócio atravessou três administrações dos ENVC e ocorreu numa altura em que os dois governos, o da República e o dos Açores, eram socialistas. De um lado José Sócrates e do outro Carlos César.