Os gabinetes ministeriais estão em suspenso. A polémica em torno da Tecnoforma e os alegados pagamentos que Pedro Passos Coelho não comunicou ao fisco na década de 90 quando era deputado estão a deixar preocupados e nervosos membros de vários gabinetes no Governo.

“Era bom que se esclarecesse tudo rapidamente”, é a frase mais vezes repetida ao Observador. O desabafo generalizado foi feito durante os dias de terça-feira e de quarta-feira, ou seja, antes e depois de Passos ter vindo a público pronunciar-se sobre a questão e pedido a intervenção da Procuradoria-Geral da República. “E se os factos tiverem prescrito e a PGR nada fizer?”, questiona-se.

Segundo fonte próxima do primeiro-ministro, Passos estará decidido a que a sua defesa seja feita através de instituições, como o caso do Parlamento. No entanto, o próprio secretário-geral da Assembleia da República já deu informações contraditórias e sabe-se agora que, afinal, Passos não recebeu, entre 1995 e 1999, o complemento de 10% do salário referente ao exercício de funções em exclusividade (exerceu funções também entre 1991 e 1995 mas nessa altura o salário era igual para todos os parlamentares), mas que recebeu o subsídio de reintegração que só os deputados em exclusividade têm direito, quando saiu de S. Bento em 1999. O passo seguinte do primeiro-ministro foi pedir à PGR que se pronuncie, enquanto disse que não deixará de “tirar as conclusões e consequências em relação ao que vier a ser apurado pela PGR”.

No Parlamento, o assunto foi discutido esta quarta-feira em plenário. O PSD fez uma defesa acérrima de Passos enquanto o CDS agarrou-se “à palavra” do primeiro-ministro, garantindo acreditar nela.

O problema mais grave é dos alegados pagamentos da Tecnoforma a Passos que não terão sido declarados às Finanças nas declarações anuais de IRS. Segundo documento da Assembleia, as declarações de IRS dos anos em que Passos foi deputado referem apenas cerca de 24 mil euros, a título de atividades de natureza científica ou de direitos de autor.

Segundo investigação da Sábado, Passos terá recebido 5.000 euros mensais da Tecnoforma quando era deputado. Dia 20, quando reagiu pela primeira vez à notícia, o primeiro-ministro afirmou “não ter presente” se recebeu ou não pagamentos da empresa Tecnoforma.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR