De acordo com o Relatório Planeta Vivo 2014, “as populações de peixes, aves, mamíferos, anfíbios e répteis diminuíram 52% desde 1970. As espécies de água doce sofreram um declínio de 76%, uma perda média de quase o dobro das espécies terrestres e marinhas”.

A maioria das perdas acontece nas regiões tropicais e é na América Latina que se assinala a queda “mais dramática”, salienta o documento que alerta para a necessidade de soluções sustentáveis para salvar o planeta.

O trabalho da WWF analisa igualmente a evolução da pegada ecológica, ou seja, a medida da pressão humana sobre a natureza, e conclui ter havido uma “alarmante superação de 50%”.

“Em conjunto, a perda de biodiversidade e a pegada insustentável ameaçam os sistemas naturais e o bem-estar humano, mas podem também indicar-nos quais as ações a tomar para inverter as tendências atuais”, defende a organização internacional de defesa do ambiente.

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As conclusões do relatório deste ano “tornam mais claro do que nunca que não há espaço para complacência. É essencial que aproveitemos a oportunidade – enquanto ainda a temos – de apostar no desenvolvimento sustentável e criar um futuro onde as pessoas possam viver e prosperar em harmonia com a natureza “, afirmou o diretor geral da WWF Internacional, Marco Lambertini, citado no documento.

“Embora o relatório mostre que a situação é crítica, ainda há esperança. Proteger a natureza necessita de uma acção focada na conservação, vontade política e apoio da indústria”, disse o diretor de Ciência da Sociedade Zoológica de Londres, Ken Norris.

A maior ameaça à biodiversidade é a perda e degradação dos habitats, mas a pesca e a caça furtiva constituem problemas significativos, enquanto as alterações climáticas “são cada vez mais preocupantes”, e já são responsáveis pela possível extinção de espécies.

De acordo com o relatório, a procura humana é superior em mais de 50 por cento àquilo que a natureza pode renovar e seria necessário ter 1,5 planetas Terra para produzir os recursos necessários à atual pegada ecológica, ou seja, corta-se madeira a ritmos mais rápidos do que aqueles a que as árvores crescem, bombeia-se água doce mais rapidamente que a recarga dos aquíferos e liberta-se mais dióxido de carbono que aquele que a natureza sequestra.

Apesar da pegada ecológica per capita de países com elevados rendimentos ser cinco vezes maior do que a dos países com baixos rendimentos, os trabalhos de investigação demonstram ser possível aumentar os padrões de vida, enquanto se restringe a utilização de recursos, realça a WWF.

Kuwait, Qatar, Emirados Árabes Unidos, Dinamarca, Bélgica, Trinidad e Tobago, Singapura, Estados Unidos da América, Bahrain e Suécia são os 10 países com maiores pegadas ecológicas per capita.