Pescadores do porto de pesca de Matosinhos exigiram esta quarta-feira ao Governo uma resposta urgente aos “imensos problemas” que a recente interdição de pesca da sardinha lhes coloca, admitindo que a situação se pode tornar “calamitosa” para o setor.

Alguns pescadores que esta manhã estiveram reunidos com o Sindicato dos Trabalhadores da Pesca do Norte na lota de sardinha, em Matosinhos, defenderam exigir ao Governo “soluções imediatas”, por não poderem ficar sem rendimentos até ao fim do ano.

Em causa está a portaria n.º 188-A/2014, de 19 de setembro, que determina ser “proibida a captura de sardinha (…), bem como a manutenção a bordo, transbordo e descarga desta espécie”, desde o dia 20 de setembro e até “às 24 horas do dia 31 de dezembro”, por ter sido atingido o limite máximo de captura da espécie, em Portugal e Espanha.

João Almeida, coordenador daquela estrutura sindical, afirmou aos jornalistas ter sido já pedida uma reunião com caráter de urgência à ministra da Agricultura e do Mar, Assunção Cristas.

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Segundo referiu, esta portaria levanta um conjunto de incertezas, desde logo no “modo como foi tomada a decisão, sem que nunca tenham sido ouvidas todas as partes, nomeadamente os pescadores, que foram apanhados desprevenidos”.

João Almeida destacou que se “ouve falar, mas até ser concretizado não passa de um boato”, na existência de fundos europeus para apoiar os pescadores enquanto estão parados.

Contudo, em resposta ao sindicato, “a comissária europeia para os Assuntos do Mar e Pescas, Maria Damanaki, já veio dizer que a Comissão Europeia não tem qualquer tipo de conhecimento de que Portugal queira aceder a este fundo e, mais, [disse] que no quadro dos novos fundos 2014-2020, o programa específico para Portugal ainda está a ser elaborado”, sublinhou João Almeida.

Como é que os pescadores vão viver até ao final do ano e no dia 01 de janeiro estala-se os dedos e por magia já se pode pescar sardinha”, questionou.

Considerando que a situação, que afeta pelo menos cerca de 300 pescadores só em Matosinhos, terá que ser acautelada, João Almeida disse ser “calamitoso ficar sem qualquer tipo de rendimento e sem saber qual o seu futuro”.

No local, empresários com armazéns de comercialização de pescado na lota reclamaram também de uma determinação recente da Propeixe que impõe como limite de venda no local 50 cabazes por barco por dia.

“A estrutura para venda existe, está aqui, e sem peixe está parada”, lamentou Jorge Carvalho, dono de uma dessas empresas afetadas.

O responsável lembrou que, a haver subsídios, eles são apenas para os pescadores e que, com a pesca assim, haverá despedimentos e encerramentos de empresas.

Já José Coton, também empresário, criticou a existência de subsídios para se estar parado e o facto desta medida apenas ser implementada em Matosinhos.