Agora foi no elevador. E com Barack Obama. Aconteceu em Atlanta, no estado da Geórgia, a 16 de setembro, quando o presidente dos EUA visitou diversos Centros de Controlo e Prevenção de Doenças, face ao perigo de o vírus do Ébola entrar no país — como, aliás, sucedeu na terça-feira, no estado do Texas. Foi aí que um funcionário de uma empresa de segurança, armado e com três condenações de agressão no cadastro, conseguiu entrar num elevador onde estava Obama.

Três dias depois, na Casa Branca, em Washington, um homem saltava a vedação da residência oficial do presidente, esquivou-se a vários guardas, aproveitou a falha num sistema de segurança, entrou no edifício e prolongou a aventura até ao East Room — maior divisão da casa e onde, por norma, se realizam as conferências de imprensa. Isto soube-se a 29 de setembro. Agora, quarta-feira, foi revelado que, afinal, isto não foi caso único.

Ou seja, num período de três dias, os serviços secretos norte-americano consentiram duas falhas de segurança relacionadas com Barack Obama. No incidente do elevador, avançou o Washington Post, os agentes que faziam companhia ao presidente apenas começaram a desconfiar do funcionário da empresa de segurança (que, para já, não foi identificado) quando este tirou um smartphone do bolso, o apontou a Obama e o começou a filmar.

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Assim que as portas do elevador se abriram, os agentes obrigaram o homem a sair e interrogaram-no. Depois pesquisaram o seu nome numa base de dados nacional e descobriram que tinha já sido três vezes condenado na justiça por crimes de agressão — isto quando o protocolo de segurança proíbe que pessoas com cadastro integrem o staff de qualquer evento no qual Barack Obama esteja presente.

O Washington Post, citando, sem identificar, duas pessoas “familiarizadas” com o processo, explica que o procedimento normal dos serviços secretos assenta em investigar o passado de qualquer pessoa — desde seguranças, empregadas, convidados ou voluntários — que participe num evento presidencial. “Um homem armado esteve a centímetros do presidente e ele [serviços secretos] nem sequer verificaram o seu historial”, criticou Jason Chaffetz, deputado norte-americano e responsável por um sub-comité que supervisiona os serviços secretos.

Na terça-feira, aliás, Chaffetz tinha interrogado Julia Pierson, diretor dos serviços secretos, numa audição convocada para averiguar as falhas ocorridos no incidente do homem que entrou na Casa Branca. A responsável, na altura, não fez qualquer referência ao episódio do elevador, apesar de ter sublinhado que informa Obama “a 100%” sempre que a sua segurança é ameaçada.

O diário norte-americano lembrou que os serviços secretos retiram pelo menos uma pessoa do staff em quase todas as deslocações oficiais realizadas por Barack Obama. E, “por hábito”, todos os funcionários de empresas contratadas são revistados e o seu passado é investigado. Portanto, falta averiguar os porquês de, no caso do elevador em Atlanta, um homem armado e com cadastro ter conseguido estar a centímetros do presidente dos EUA. “O país estaria hoje diferente caso este homem tivesse carregado no gatilho”, alertou Jason Caffetz.