O homem que levou Passos Coelho para a presidência de uma Organização Não Governamental (ONG), cujo financiamento tem levantado suspeitas, diz que as acusações de que o primeiro-ministro tem sido alvo têm uma “motivação” política. Em entrevista ao jornal i, João Luís Gonçalves admite que receberam despesas de representação, Só não se lembra em que moldes.

João Luís Gonçalves era secretário-geral da JSD quando foi desafiado pelo empresário Fernando Madeira, na altura acionista maioritário da empresa Tecnoforma, a integrar a ONG. O Centro Português para a Cooperação (CPPC) destinava-se a desenvolver alguns projetos e tinha sido criado, em 1996, para poder candidatar-se a programas de financiamento.

O então secretário-geral da JSD diz que contactou com Passos Coelho e desconhece porque Fernando Madeira afirmou, à revista Sábado, que ele não tinha sido contratado “pelos seus lindos olhos”. “Nunca se colocou a questão de haver uma remuneração pelo sucesso da aprovação das candidaturas, nunca. E acabou por não haver sucesso em quase nenhum projeto”, sublinhou João Luís Gonçalves.

João Luís Gonçalves admite ao jornal i que tanto ele como Passos Coelho terão recebido dinheiro para cobrir as despesas. Admite que até possam ter sido valores fixos. Mas não se recorda bem em que moldes, se sob adiantamento ou outro modo. Passaram 16 anos desde os acontecimentos.

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“Passos Coelho] entregava-me as faturas dele e eu levava-as até ao contabilista. Não me recordo da periodicidade com que me eram entregues, mas eu ia a Almada, ao Dr. José Duro, todas as semanas”, afirmou.

Quando confrontado sobre se esse valor poderia rondar os 5 mil euros mensais, como implicou a queixa anónima que o Ministério Público arquivou, o então secretário-geral da JSD disse ser “muito difícil entrar na cabeça de quem esteve por de trás dessa denúncia”. “Imagino que as razões não devem ser sérias e terão uma motivação política”.

João Luís Gonçalves diz que até tem suspeitas de quem tenha sido, mas que “jamais se atreveria” a falar sobre isso. No entanto, descarta a hipótese de terem sido pessoas ligadas ao CPPC. “As pessoas ligadas a estes projetos merecem toda a minha consideração e são sérias. Não vejo que uma dessas pessoas viesse agora lançar essa anátema, essa mancha sobre a idoneidade moral do primeiro-ministro. Acredito que o denunciante será de fora”.