Um grupo de espanhóis residentes em Lisboa recolheu milhares de fotografias pessoais encontradas na Feira da Ladra e vai reuni-las numa exposição a ser inaugurada no final do mês, disseram à agência Lusa. O objetivo da exposição é “recuperar estas imagens para o imaginário coletivo e, idealmente, reencontrar as suas relações com as pessoas que aparecem nas fotografias”, referiu numa resposta escrita o grupo Left Hand Rotation, que realiza intervenções de caráter social, cultural e ambiental na cidade.

Os membros do grupo começaram a reunir as fotografias abandonadas ao final do dia naquela feira há três anos, devido a uma “curiosidade antropológica sobre a memória rejeitada da população”. “O que leva as pessoas a desfazerem-se dos fragmentos do seu quotidiano” foi o mote da recolha, que os levou a refletir sobre os “paradigmas da identidade no mundo global”, explicaram.

Segundo o Left Hand Rotation, o arquivo está em constante atualização e já é composto por 2.000 fotografias. Ali é possível encontrar imagens de casamentos, crianças, animais de estimação, retratos, paisagens e monumentos. A exposição é um “exercício coletivo de classificação das imagens”, inspirado no projeto inacabado “Mnemosyne Atlas”, do historiador de arte alemão Aby Warburg, que juntou entre 1924 e 1929 cerca de mil imagens, desenhos, pinturas e páginas de livros.

A exposição é inaugurada no dia 30 de outubro às 18h e estará patente até ao dia 15 de novembro na PickPocket Gallery, situada na Calçada dos Cesteiros, em Lisboa. A escolha do espaço não foi aleatória — além de conhecerem o seu proprietário, Rui Poças, o grupo selecionou a galeria devido à sua proximidade ao Campo de Santa Clara, onde se realiza a Feira da Ladra.

O trabalho poderá também ser visto através do site criado para o efeito em lefthandrotation.com/albumlixo. Nesta página, os interessados podem também pesquisar consoante a cor, o tipo de fotografia e o seu estado.

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