Apesar das histórias lendárias de tesouros perdidos e artefactos preciosos, a verdade é que se desconhece o paradeiro de algumas das mais importantes e valiosas peças da história. Algumas foram perdidas durante a guerra, outras simplesmente enterradas e esquecidas. Existem ainda algumas que estão desaparecidas há tanto tempo que as suas histórias se transformaram em lenda. Fique a conhecer alguns desses artefactos perdidos.

A cidade escondida de Paititi

A história da cidade inca de Paititi mistura-se com a da mítica El Dorado, uma cidade repleta de ouro perdida na imensidão da floresta sul-americana.

Durante cerca de 40 anos, os espanhóis tentaram conquistar o território inca. Devido aos avanços das tropas invasoras, os sul-americanos retiraram-se para o vale de Vilcabamba no Perú, que se tornou assim o último refúgio conhecido do povo inca. Quando os espanhóis conseguiram finalmente entrar na cidade, em 1572, descobriram-na deserta. Ao que parece, os incas conseguiram fugir para uma nova localização no coração da floresta do sul do Brasil sem deixar rasto. Consigo levaram o seu vasto tesouro e a verdadeira localização da nova cidade nunca foi encontrada. A história acabou por ser associada a El Dorado, cuja lenda teve início no mito de um chefe dos muíscas, uma tribo colombiana, que tinha por costume oferecer presentes à deusa do lago Guatavita coberto de pó de ouro.

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Os ovos perdidos de Fabergé

Durante mais de três décadas, Karl Gustavovich Fabergé trabalhou como ourives para a família real russa. Durante esse tempo, fez 52 ovos decorados para o czar e a sua família e outros 15 para compradores particulares. Os ovos, feitos com ouro e pedras preciosas, assemelhavam-se aos típicos ovos da Páscoa.

Em 1917, na sequência da revolução russa e do assassinato do czar Nicolau II e de grande parte da família real, Fabergé fugiu do país. Viajou primeiro para a Letónia e depois para a Suíça, onde acabou por morrer em 1920. Os ovos criados por Fabergé, assim como muitos outros tesouros pertencentes à família russa, foram confiscados e guardados nos cofres do Kremlin. Alguns foram vendidos para angariar fundos para o novo regime, outros não se sabe o que lhes aconteceu. Dos 52 ovos criados por Fabergé, oito estão ainda desaparecidos e o seu paradeiro permanece ainda hoje um mistério.

 

As patentes dos irmãos Wright

Podem não ser feitas de ouro, mas as patentes dos irmãos Wright são um verdadeiro tesouro histórico. Orville e Wilbur Wright, ou simplesmente os irmãos Wright, foram dois inventores norte-americanos conhecidos por terem construído com sucesso a primeira máquina voadora mais pesada que o ar. Em 17 de dezembro de 1903, os Wright realizaram um primeiro voo motorizado e tripulado que, apesar de ter durado apenas alguns segundos, constituiu um passo importante e decisivo na história da aviação.

As patentes da máquina estavam guardadas no Arquivo Nacional norte-americano. Ou pelo menos era o que se pensava. Em 2003, descobriu-se que tinham desaparecido e, até à data, ninguém sabe onde estão. Os roubos nos Arquivos Nacionais são comuns, de tal forma que existe uma equipa especial que se dedica a tentar encontrar as peças desaparecidas. Algumas já foram encontradas, mas muitas continuam desaparecidas.

 

O colar de Patiala

O colar de Patiala, desenhado pela Cartier em 1928, foi uma peça criada especialmente para o marajá Bhupinder Singh do estado de Patiala, uma localidade no nordeste da atual Índia.

De uma rara beleza, o colar era composto por cinco filas de correntes de platina, adornadas com 2.930 diamantes. Entre eles, encontrava-se o sétimo maior diamante do mundo, o “De Beers”, um diamante amarelo de 234,6 quilates e do tamanho de uma bola de golfe. Para além dos diamantes, a joia era também composta por rubis birmaneses outras pedras preciosas. O colar desapareceu por volta de 1948 e a última pessoa a usá-lo foi o filho do marajá, Yadavindra Singh. Em 1982, a joia reapareceu num leilão da Sotheby’s em Genebra e foi vendida por mais de três milhões de dólares (cerca de 2,3 milhões de euros). Porém, o colar não estava completo.

Mais de 10 anos depois, uma das partes perdidas foi encontrada numa joalharia de peças em segunda mão em Londres. As partes mais impressionantes do colar, entre elas os rubis birmaneses e o diamante “De Beers”, porém, permanecem desaparecidas. A Cartier restaurou o colar de modo a assemelhar-se à sua forma inicial. Os diamantes foram substituídos por zircónio e diamantes sintéticos. Acredita-se que o original tenha sido desmontado e vendido em várias partes pelos membros da família do marajá indiano. O seu valor total está estimado entre 20 a 30 milhões de dólares (entre 16 a 23 milhões de euros).

 

O tesouro de João Sem Terra

O rei João de Inglaterra, irmão de Ricardo Coração de Leão, gostava particularmente de “colecionar” joias e peças feitas de ouro. Mas se o rei não teve um fim muito feliz, as suas joias também não.

Em 1216, João viajou para King’s Lynn em Norfolk, no este de Inglaterra. A zona, conhecida por “the wash”, estava repleta de perigosos pântanos e planícies cobertas de lama. Uma vez em Lynn, o rei ficou doente e decidiu regressar. Tomou o caminho mais lento mas mais seguro, de modo a evitar os pântanos e a zona repleta de inimigos de East Anglia. Contudo, diz a lenda que os seus soldados e as carruagens que transportavam os seus bens pessoais, incluindo as joias da coroa, escolheram um caminho que atravessava os pântanos. Estes, apanhados pelas águas, morreram afogados. Com as suas mortes, perderam-se os tesouros de João, que nunca foram encontrados. O rei morreu alguns dias depois de disenteria, a 18 de outubro de 1216, provavelmente triste pelo fim trágico das suas queridas joias.