O grande auditório do Rivoli Teatro Municipal, no Porto, vai receber, no sábado, a estreia nacional de “Teorema”, peça com 12 skaters em palco, encenada por John Romão a partir da obra homónima do italiano Pier Paolo Pasolini.

De acordo com John Romão, o “espetáculo cria uma relação com o texto e com o filme”, mas também com a própria atualidade, assinalando que não seria possível a concretização da peça sem conhecer o “final trágico” do realizador italiano, morto em 1975 em circunstâncias ainda hoje disputadas.

Em cena, um grupo de nove skaters locais contracenam com um conjunto de três “skaters/performers” e com o próprio encenador, num palco também com a presença de um acordeonista, cuja música se cruza com a amplificação dos skates.

“Eles têm tanta importância como eu”, explicou aos jornalistas o encenador, que admitiu haver “um lado perverso” ao dizer que envolve um “subgrupo local” como os skaters, que, exceto os três permanentes, vão sendo recrutados nas cidades dos espetáculos.

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A peça vai seguir para o São Luiz, em Lisboa, a 27 e 28 de novembro, para o Centro Cultural Vila Flor, em Guimarães, a 28 de fevereiro do próximo ano e para o Centro Cultural Internacional Oscar Niemeyer, em Avilés, Espanha, em abril.

John Romão justificou a escolha de skaters lembrando que “são exibicionistas por natureza” e que se olha “uns segundos mais para eles do que para um senhor ou uma senhora” que passe na rua.

O encenador explicou ainda que sentiu “uma curiosidade de pegar em textos de Pasolini” devido à sua exploração das ideias de “relação com o corpo, os corpos, as relações de poder, de fascínio, de contemplação, de desejo”.

“Aquilo que me interessa é a irrupção do sagrado na vida quotidiana”, declarou John Romão, que, no próximo ano pretende concluir “um pequeno ciclo em forma de homenagem” a Pasolini com “Pocilga”.