O processo de privatização da TAP esteve esta tarde em discussão no plenário do Parlamento através de um projeto de resolução apresentado pelo Bloco de Esquerda contra a medida. Enquanto os partidos da maioria procuraram defender que a privatização “não é uma questão ideológica”, mas sim uma questão de “defender o valor da empresa e os interesses do país”, a esquerda falou em “fantasias liberais”.

Apesar de ninguém ter falado em calendários e modelos de privatização, que é no fundo o que está em cima da mesa, o deputado centrista Hélder Amaral sublinhou a necessidade de se fazer uma “privatização cuidada” da companhia aérea. Os centristas consideram que “mais importante do que o preço” é a “questão estratégica”: manter a importância do hub de Lisboa e o mercado da América do Sul e África.

O CDS criticou ainda a atitude dos partidos da esquerda, que diz terem um “constrangimento ideológico” por serem, por norma, contra todas as privatizações. “Todos nós queremos que a TAP seja uma empresa maior, que leve Portugal mais longe, mas então qual é a solução do Bloco e do PCP?”, questionou.

O mesmo argumento foi usado pelo social-democrata Paulo Cavaleiro, que reforçou não se tratar de “ideologias”. “Privatizaremos, sim, se for caso disso para dar novo impulso à companhia e para defender os interesses dos trabalhadores da TAP e do país”, disse.

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O PS defendeu, por seu lado, que o Estado deve manter “no mínimo 51% do capital da TAP” e, “em caso algum, deve perder a posição de controlo” na transportadora aérea portuguesa.

“O PS neste debate, como sempre, assume que o Estado deve manter, no mínimo 51% do capital da TAP e, em caso algum, deve perder a posição de controlo que tem na empresa estratégica que é necessária ao país, que é necessária à economia, e cujos méritos e reconhecimento é feito por muitos”, afirmou o deputado Paulo Campos.

“A TAP deve continuar nas mãos do Estado para prosseguir aquela que foi sempre a sua tarefa, assegurar o desenvolvimento da nossa economia, ser a maior exportadora e ser um contribuinte líquido da nossa economia”, frisou Paulo Campos.

Antes, a deputada bloquista Mariana Mortágua, que fez a intervenção de abertura e e também de encerramento por ser autora do projeto, tinha-se manifestado taxativamente contra qualquer forma de privatização, “quer parcial quer total”, de uma empresa que diz que é “estratégica” e de grande importância nacional. “Qual é a melhor forma de a proteger? Privatizando?” Não, disse.

A deputada bloquista lembrou ainda o caso da PT, que a seu ver também é uma empresa estratégica e pode-se pôr no mesmo patamar, para defender que o caminho não é esse. “A PT desapareceu, e qualquer credibilidade que as bancadas da maioria tinham para dizer ‘olhem para o potencial de investimento da PT’, desapareceu também”, disse.