Dormir pouco dá fome e isso pode conduzir a um aumento de peso. A conclusão não é particular novidade para os cientistas, mas atualmente as pessoas tendem a dormir cada vez menos horas, o que leva os médicos a reforçar a importância de dormir entre sete a oito horas.

Quando dormimos, e ao contrário do que geralmente se pensa, gastamos energias, o que significa que o peso diminui durante a noite. Quando não se dorme o suficiente, certos processos do sistema metabólico são alterados e isso pode refletir-se na balança. “Quando se tem cinco horas de sono, por exemplo, dá-se o aumento de uma hormona chamada grelina”, explicou ao Huffington Post a nutricionista Rebecca Scritchfield. Essa hormona, que só há poucos anos foi descoberta e começou a ser estudada, “aumenta o apetite no dia seguinte”, diz Scritchfield, explicando ainda que se dá a diminuição de uma outra hormona, a leptina, que desempenha um importante papel na queima de energias e controlo do apetite.

E, mais do que ter fome de manhã, temos apetite de alimentos salgados, açucarados e gordurosos, o que tem um impacto no peso corporal mas tem também implicações a outros níveis. “O tecido gordo responde pior à insulina e isso aumenta o risco de obesidade e diabetes” quando o corpo tem pouco descanso, explica, por sua vez, Jesús Escribá, médico do Instituto de Medicina do Sono, instituição espanhola que se dedica à investigação e tratamento de problemas de saúde relacionados com o sono.

A relação entre a falta de sono e a preferência por alimentos menos saudáveis foi estudada em 2013 por uma equipa da Universidade da Califórnia, que concluiu que a resposta cerebral a esse tipo de alimentos se altera conforme o número de horas que se dorme por noite. Se, por um lado, a parte do cérebro que controla o apetite tende a ter uma reação mais forte perante tais comidas – fazendo com que a pessoa as deseje mais -, por outro, a atividade do córtex frontal, onde se fazem as decisões racionais, diminui drasticamente. Ou seja, a pessoa fica com uma capacidade diminuída para resistir ao impulso de comer junk food.

“Cada vez mais os estudos dizem que a falta de horas de sono acarreta alterações metabólicas importantes”, explica Escribá, que afirma ainda que tal poderá estar também na origem de problemas neurológicos e gastrointestinais. O ideal, acrescentam os especialistas, é dormir entre sete a oito horas por noite.

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