O festival de cinema Porto/Post/Doc vai nascer com um cartaz de 50 filmes e a promessa de tentar ser um festival de qualidade internacional na Invicta. Entre 4 e 13 de dezembro, o cinema documental mostra-se no Rivoli Teatro Municipal, no Passos Manuel e no Maus Hábitos.

A secção competitiva do Porto/Post/Doc será a mais importante do festival. É “o programa de filmes que pretende marcar a posição do Porto/Post/Doc enquanto festival de cinema documental contaminado pelas formas de ficção”, explica a organização. Provenientes de países como a Bélgica, Roménia, França, Filipinas, Síria e Suíça, da seleção de 12 filmes fazem parte três documentários portugueses. Oito são estreias nacionais e focam-se sobretudo na componente política do documentário e na sua ligação mais direta aos conflitos humanos, quer sejam subliminares e familiares, quer sejam violentos conflitos armados.

A sessão oficial de abertura está marcada para a noite de 6 de dezembro, onde haverá uma curta cerimónia no Grande Auditório do Rivoli, seguida da antestreia nacional do filme “Concerning Violence”, de Goran Hugo Olsson, inserido na secção “Persona“, dedicada a “filmes onde os direitos humanos são vistos ao microscópio da lente cinematográfica”. A narração foi feita pela cantora norte-americana Lauryn Hill.

A estreia da mais recente curta-metragem de Manoel de Oliveira, “O Velho do Restelo“, está marcada para o dia 11 de dezembro, data em que o realizador portuense completa 106 anos. O Porto/Post/Doc aproveita a ocasião para uma homenagem, exibindo também “Douro, Faina Fluvial”, “O Pintor e a Cidade” e “Painéis de São Vicente de Fora – Visão Poética”.

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A sessão de encerramento acontece a 13 de dezembro no Grande Auditório do Rivoli, com a entrega do Prémio para o Melhor Filme Documentário em Competição. O dia termina com a exibição do filme “The Salt of the Earth”, de Wim Wenders e Juliano Ribeiro Salgado, em antestreia nacional e inserido na secção “Persona”.

O Porto/Post/Doc vai ter também uma secção intitulada “Transmission“, “programa sobre a exploração de múltiplas relações entre a música e as imagens em movimento”, a secção Cine Fiesta, de documentários espanhóis, e uma área de nome “Cinema Falado“, que aglomera todos os filmes de todas as secções que são falados em português, entre os quais os três em competição: “A Cidade e as Trocas”, de Luísa Homem e Pedro Pinho,
“Volta à Terra” de João Pedro Plácido e “João Bénard da Costa – Outros amarão as Coisas que eu amei” de Manuel Mozos.

O festival é organizado por uma associação criada a 26 de Março de 2014 no Porto “que reúne pessoas de várias profissões, qualificações e idades, unidas na paixão pelo cinema”, pode ler-se no dossier enviado aos jornalistas. “Não conformadas com o encerramento de salas de cinema, reuniram-se com o objetivo de dinamizar o cinema na cidade, em três níveis: voltar a trazer o público às salas, estimular a nova produção e criar um novo festival internacional de cinema, com particular incidência na área do documentário”. Para 2015, o diretor Dario Oliveira assume para o festival o desafio de produzir “documentários focados na região Norte capazes de terem circulação internacional“.

“Numa primeira edição, em que tudo se encontra em jogo, só pedimos a todos que confiem em nós. Trabalhámos durante um ano para conseguir chegar aqui e se a programação é, sem dúvida, a que queríamos construir, a montagem financeira fica aquém do necessário para podermos fazer o que nos propusemos”, pode ler-se na mensagem de Dario Oliveira, que é também um dos diretores do Festival de Curtas de Vila do Conde. O Porto/Post/Doc foi financiado por privados e instituições.

Para além das sessões de competição e das sessões de cinema temáticas, o programa conta também com 10 concertos e DJ sets, masterclasses, workshops e encontros. Um desses espaços chama-se “Onde Está o Real?” com três mesas redondas onde especialistas vão “teorizar a proposta de programação do Porto/Post/Doc: a hibridização contemporânea entre documentário e ficção”.