O ministro da Saúde admitiu nesta terça-feira que a empresa Adubos de Portugal está a ser alvo de uma investigação mais profunda, quanto à origem do surto de Legionella, mas não descartou outras hipóteses. Paulo Macedo lembrou ainda que já houve vários surtos em que nunca se identificou a fonte.

Falando aos jornalistas à margem da inauguração de um novo edifício de ambulatório do Hospital Lusíadas Lisboa, Paulo Macedo lembrou que logo no domingo houve um conjunto de testes concluídos preliminarmente e um conjunto de conclusões que levaram as autoridades a pedir o encerramento das várias torres de refrigeração para limpeza e para nova medição de valores.

Descartada logo de início, após testes, a possibilidade de o foco estar na água fornecida pela EPAL, foi feita mensuração as extremidades da rede, tendo-se detetado “várias pistas epidemiológicas, das torres de refrigeração e de alguns pontos relativamente a pontos de água que pudessem fazer aerossóis”.

“Neste momento, nas 24 horas seguintes, o que se fizeram foi testes adicionais e desses surgiram algumas confirmações”, que apontaram, em especial, para “uma das áreas que mereceu uma análise de maior rigor imediata que está a decorrer no terreno”, afirmou o ministro, quando questionado sobre a empresa Adubos de Portugal. Paulo Macedo, contudo, não se quis alongar mais, afirmando não querer “causar qualquer ruído”, uma vez que o ministro do Ambiente “já disse o que tinha a dizer”.

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Esta terça-feira, o ministro do Ambiente, do Ordenamento do Território e da Energia, Jorge Moreira da Silva, anunciou uma ação inspetiva extraordinária à empresa Adubos de Portugal, em Vila Franca de Xira, para averiguar um eventual crime ambiental. Paulo Macedo sublinhou contudo que não estão descartadas outras hipóteses. “Temos dados adicionais que nos levaram a fazer uma investigação mais profunda, mas as outras alternativas não estão descartadas”.

O ministro especificou que estão ser feitos diferentes testes em cultura: domingo foram feitos testes rápidos que dão indicação de presença ou não de Legionella, mas não a quantidade nem o tipo. Para se saber a tipologia tem de se fazer teste em cultura de cinco a 10 dias e depois cruzar com o tipo de Legionella nos pacientes.

“Só depois do cruzamento podemos ter a certeza que é esta a fonte. Estamos a trabalhar na identificação da fonte. Recordo que há vários surtos em que nunca se identificou a fonte”, sublinhou. O ministro salientou ainda que, independentemente da investigação em curso, o mais importante foi parar com as várias prováveis fontes de emissão.

Quanto ao número de infetados, Paulo Macedo admitiu que podem surgir ainda mais casos, mas frisou que a tendência continuará a ser de “desaceleramento. “Do primeiro dia para o segundo tivemos um aumento de casos de 170%, do dia seguinte tivemos um aumemnto de casos de cerca de 100%, ontem tivemos um aumento de casos de cerca 30% e esta terça-feira estamos com um aumento de casos de cerca de 19%”, disse.

Sobre a oferta de ajuda feita a Portugal pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o ministro admitiu aceitar. “Quer o Centro de Controle de Doenças Europeu quer a OMS pediram para se juntar a nós para observar e disponibilizaram o seu apoio, portanto são bem-vindos”, afirmou.