A equipa da Agência Espacial Europeia (ESA) estava há muito preparada para este momento. O módulo Philae, libertado da sonda Rosetta esta quarta-feira logo depois das 9 horas, “aterrou” no cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, mas ainda não se conseguiu fixar convenientemente. Assim que se fixe à superfície a primeira missão do módulo é enviar imagens panorâmicas da “nova casa”.

A equipa da ESA comunicou em direto o sucesso da missão.

A felicidade entre os presentes era evidente, justificada pelo diretor-geral da ESA, Jean-Jacques Dordain: “Este é um grande passo para a humanidade. E nós [ESA] somos os primeiros a ter conseguido”. O membro da ESA valorizou o trabalho de equipa de todos os envolvidos nesta missão. “O maior problema do sucesso é que parece fácil. Especialmente para nós que ‘parece’ que não estamos a fazer nada.”, disse em conferência de imprensa Jean-Jacques Dordain, acrescentando que “este sucesso veio do um trabalho árduo e da experiência” das equipas envolvidas.

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O representante da Airbus e da equipa industrial disse que espera que “a missão Rosetta inspire os jovens a ir para o espaço assim como a missão Apollo inspirou” quem agora trabalhou neste projeto. Um dos representantes do governo local admitiu mesmo que esta missão “é comparável à chegada do homem à Lua”.

A felicidade pela concretização de um projeto com mais de 20 anos.

Durante as sete horas que demorou a descida do módulo desde a sonda até ao cometa, num percurso de cerca de 22,5 quilómetros, o Philae tirou fotografias e registou informação sobre o ambiente que envolve o cometa. Mas estes dados ainda vão demorar algumas horas a chegar à Terra.

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Imagem capturada pelo equipamento Rolis (ROsetta Lander Imaging System) do módulo Philae, às 14h38, a três quilómetros do cometa, durante a descida – ESA/Rosetta/Philae/ROLIS/DLR

Estava previsto que a “aterragem” no cometa acontecesse a uma velocidade de um metro por segundo, com os três suportes do módulo a absorver o impacto e com três parafusos a penetrar a superfície, prevenindo a possibilidade de ressaltos, referiu a ESA em comunicado de imprensa. Dois arpões deveriam ter sido lançados para fixar o módulo Philae à superfície, mas alguma coisa correu mal neste processo. Os técnicos ainda estão a analisar o problema.

Se as baterias aguentarem, o módulo vai, durante os próximos dois dias e meio, realizar a primeira fase da missão científica – uma imagem panorâmica a partir do local de “aterragem”, incluindo imagens em três dimensões, análise da composição à superfície e a uma profundidade de 23 centímetros.

Para uma segunda fase, espera-se que a poeira assente e que a energia solar seja suficiente para carregar as baterias. Se resultar, a segunda fase da missão vai durar até março de 2015. A partir daí, e à medida que o cometa se aproximar do Sol, a temperatura à superfície será demasiado alta para o Philae continuar a funcionar, refere o comunicado da ESA. A sonda Rosetta continuará a seguir o cometa até ao final de 2015, mas a uma distância maior porque a 13 de agosto de 2015 o cometa atinge o ponto mais próximo do Sol – “apenas” 185 milhões de quilómetros, mais ou menos entre a órbita da Terra e Marte.

Espera-se que toda a informação conseguida pela sonda Rosetta, que orbita o cometa, e o módulo Philae, que viaja com ele, possam responder a perguntas sobre a origem do sistema solar, quais as condições no início da respetiva formação, como evolui e, claro, que papel tiveram os cometas nesta evolução.