Com Miguel Macedo no Ministério da Administração Interna (MAI), “abriram-se muitas portas que estavam fechadas”, disse Jaime Soares à agência Lusa. “Os bombeiros portugueses estão preocupados”, já que, segundo o presidente da LBP, a saída de Miguel Macedo do Governo pode resultar “numa perda de ritmo nas negociações” em curso no setor.

Jaime Soares sublinhou que “havia uma pacificação nesta área” do socorro e Proteção Civil e que “não é fácil substituir um homem da sua dimensão” na liderança do MAI. “Estava sempre pronto a abrir portas com outros ministérios”, disse, para concluir que, “para os bombeiros portugueses”, Miguel Macedo foi “o melhor ministro da Administração Interna depois do 25 de Abril” de 1974.

Jaime Soares salientou que a Liga dos Bombeiros Portugueses estava a negociar com o MAI e o Governo “um conjunto de dossiês importantes”, designadamente nas áreas do financiamento, do transporte de doentes e do voluntariado.

Miguel Macedo anunciou hoje que pediu a demissão do Governo e que esta foi aceite pelo primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho.

Numa declaração lida no Ministério da Administração Interna, Miguel Macedo disse não ter “qualquer responsabilidade pessoal” no caso de atribuição alegadamente fraudulenta de vistos dourados, que está a ser investigado no âmbito da Operação Labirinto, mas reconheceu que não tinha condições políticas para se manter no cargo.

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Algumas pessoas com relações pessoais e profissionais a Miguel Macedo estão a ser averiguadas no âmbito dessa operação policial.

Em reação, os partidos da oposição consideram que esta demissão é um sinal de fim de ciclo político e consideram que deveriam ser convocadas eleições antecipadas.

Os partidos que suportam o governo salientam a dignidade da atitude do ministro da Administração Interna e reiteram que a Procuradoria-Geral da República informou que nenhum governante está a ser investigado judicialmente sobre o caso de atribuição de vistos dourados.