“Quando experimenta fumar, o número de cigarros que fuma e se vai ou não ficar dependente da nicotina, está já determinado nos genes, quando nascemos.” Quem o diz é Jacqueline Mignon Vink, da Universidade Vrije (Amesterdão, Holanda). A relação entre a genética e a adição é um dos objetos em estudo integrados no projeto Beyond the Genetics of Addiction, financiado pela União Europeia.

De acordo com a investigadora, o ato de começar a fumar é determinado pelo comportamento social, mas é o perfil genético que define a continuidade e o grau de adição, ou seja, se fumar passa de uma experiência isolada a um vício regular. “Se ambos os pais fumam, a probabilidade de esses genes passarem para o filho são maiores”, afirma Jacqueline Vink. A Horizon sublinha que este trabalho utilizou dados recolhidos de gémeos verdadeiros e falsos, a melhor forma de relacionar comportamentos com perfis genéticos.

E que genes são estes? São os responsáveis pelos recetores da nicotina, cuja quantidade existente no organismo é muito variável. Estudos prévios que envolveram 67 mil participantes demonstraram a existência destes genes no ADN, além da relação direta entre o número de recetores de nicotina e o prazer de fumar.

O próximo passo neste projeto é estudar a idêntica relação genética com a canábis. O interesse no desenvolvimento desta matéria é reforçado por outros trabalhos, que sugerem a existência de uma forte relação entre o perfil genético e os hábitos de consumo de álcool e de comida. Estes estudos podem representar o desenvolvimento de novas abordagens terapêuticas: “enganar” os genes para retirar o prazer de fumar, de beber ou de comer certos alimentos.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR