Um estudo hoje divulgado revela que as crianças e os jovens portugueses sentem-se menos aborrecidos e mais próximos dos amigos quando usam um “smartphone”, e pouco fazem para diminuir a dependência face ao aparelho.

O estudo, “Crianças e Meios Digitais Móveis em Portugal”, reproduz os resultados nacionais do projeto “Net Children Go Mobile”, que envolveu, ainda, mais seis países europeus (Bélgica, Dinamarca, Irlanda, Itália, Reino Unido e Roménia).

Em Portugal, o inquérito, realizado entre janeiro e abril, abrangeu 501 alunos, entre os 9 e os 16 anos, com 174 a utilizarem diariamente o “smartphone”, mais as raparigas do que os rapazes, e 104 um “tablet”. Mais de metade da amostra – 373 crianças e jovens – é proveniente de lares com estatuto socioeconómico baixo.

O foco do estudo, que será apresentado e discutido na próxima semana numa conferência em Lisboa, e hoje facultado à Lusa, foi os novos meios digitais móveis, como os “smartphones” e os “tablets”, procurando identificar oportunidades e riscos no acesso e uso da internet, numa comparação com outros países europeus.

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O acesso ao primeiro telefone móvel inteligente surge aos 11 anos, nos rapazes, e aos 13, nas raparigas, assinala a investigação, coordenada por Cristina Ponte, professora na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.

Os resultados nacionais apontam para o uso excessivo de “smartphone” entre os menores (57%), superando a média europeia (48%) e só ultrapassados pelos do Reino Unido (65%). De acordo com o estudo, 86% das crianças e dos jovens sentem-se menos aborrecidos quando usam um “smartphone”, sobretudo os rapazes mais novos, e 85% mais próximos dos amigos.

A utilização de um telemóvel inteligente é também sinónimo de organização das atividades quotidianas (67%), sensação de segurança (64%) e facilidade na realização dos trabalhos de casa e das tarefas da escola (55%), sobretudo para as raparigas. Perante a falta de bateria e de rede, mais de metade dos inquiridos (54%) afirma-se aborrecida por não poder usar o aparelho móvel. A maioria, 59%, diz sentir “muitas ou algumas vezes” necessidade de verificar o telemóvel para ver se acontece algo.

Um quinto das crianças e dos jovens entrevistados pensa “muitas ou algumas vezes” que passa, à custa do “smartphone”, menos tempo do que devia com a família ou a fazer os trabalhos da escola. Contudo, mais de metade (58%) responde que “nunca ou quase nunca” tentou gastar menos tempo a usar o telemóvel.

O estudo conclui, ainda, que 76% das crianças portuguesas têm um perfil numa rede social, uma percentagem apenas ultrapassada por Dinamarca (81%) e Roménia (79%), sendo que um terço dos internautas declarou aceitar pedido de contacto por parte de pessoas que conhece bem.

A maioria dos inquiridos nacionais (73%) usa a internet, pelo menos uma vez por semana, para fazer pesquisas para trabalhos escolares, adianta o mesmo documento, que será apresentado e debatido na conferência “Crianças e Meios Digitais Móveis em Portugal”, que decorre a 28 e 29 de novembro, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas de Lisboa.