As vendas de chocolate deverão crescer 4% em 2014 face ao ano anterior, repetindo a tendência de 2013, apesar do efeito negativo da crise sobre outros produtos, prevê a ACHOC, associação do setor.

“Vemos que há uma retração generalizada do consumo, mas nas vendas de chocolate tem havido até um crescimento”, notou o secretário-geral da ACHOC-Associação de Industriais de Chocolates e Confeitaria, Manuel Barata Simões, em entrevista à Lusa. As vendas em Portugal representam cerca de 200 milhões de euros.

Quanto ao Natal deste ano, o mesmo responsável prevê que “os números serão interessantes”, até por causa do efeito da crise sobre os hábitos de compras para a época: “O chocolate já é uma boa alternativa a outras prendas de Natal mais sofisticadas e mais caras”, referiu.

A época natalícia é também a mais importante para o setor, uma vez que só por si representa entre 35 a 40% do consumo anual deste produto, calcula a ACHOC.

Em conjunto, Natal e Páscoa têm um peso de 60% para a quantidade de chocolate que é consumido durante o ano todo. Além das compras natalícias, o secretário-geral da associação aponta a mudança nos hábitos alimentares como outra causa para este comportamento positivo do setor: “Acreditamos que haja famílias que, em vez de dar dinheiro às crianças para comerem no intervalo das aulas, preferem dar-lhes uma pequena barra de chocolate para a meio da manhã ou da tarde complementarem o seu lanche”, exemplificou.

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Aliás, a associação tem apostado em promover o chocolate como um “produto alimentar” e “um bom complemento de refeição”, que tem benefícios para a saúde quando consumido de forma moderada, acrescentou o representante da ACHOC.

As mudanças no mercado português estendem-se ainda ao lado dos fabricantes. Nos últimos anos assiste-se ao fabrico de produtos mais elaborados, ao aparecimento de pequenas lojas especializadas em chocolates, como já sucedia noutros países europeus, e também à renovação de marcas tradicionais, referiu.

Manuel Barata Simões sublinhou que, no entanto, os portugueses continuam a ser o povo que menos chocolate consome ‘per capita’ dentro da Europa, cerca de 1,5 quilos por pessoa ou talvez um pouco mais, tendo em conta as pequenas lojas cujos dados não estão contabilizados pela associação.

Em Espanha, o consumo é de 3,5 quilos por pessoa, chegando aos nove quilos na Alemanha, por exemplo. Fora da Europa, é na China e na Índia que atualmente se concentram as atenções do setor, uma vez que o número de consumidores nestes países está a aumentar, afirmou.

“O consumo da China é cerca de 5% do consumo europeu. Se compararmos em termos de população, está a ver o potencial de crescimento incrível que temos pela frente. Isto leva a pensar que temos de aumentar também a produção de matérias-primas, neste caso do cacau”, disse.

Manuel Barata Simões admite também que têm ocorrido “alguns problemas com a produção”, a nível mundial, o que poderá ter efeitos no preço do cacau, mas acredita que tudo irá resolver-se. Em causa estão problemas com pragas, instabilidade política na Costa do Marfim, um dos maiores produtores, e também agricultores que optaram por outras colheitas. “Os preços mais altos vão levar a que os produtores que passaram para outros produtos voltem à produção de cacau”, assegura, acrescentando: “Isto vai tender a estabilizar”.