A Globo afirma que em junho deste ano “a Justiça Federal em Brasília abriu processos de improbidade administrativa contra sete pessoas e três empresas acusadas de envolvimento em fraudes feitas pelo Ministério da Saúde” e que a Octapharma está entre as acusadas. A Polícia Federal Brasileira implicou a Octapharma na Operação Vampiro, investigação iniciada em 2004.

O ex-primeiro-ministro estava vinculado à empresa desde janeiro de 2013. E a Globo escreve que Sócrates pode estar envolvido no respetivo esquema de corrupção, em que a Octapharma foi uma das acusadas de “combinar preço e defraudar licitações do Ministério da Saúde para compra de hemoderivados”. Tal terá resultado em valores bem acima do mercado.

José Sócrates tinha até terça-feira o cargo de presidente do Conselho Consultivo da Octapharma para os mercados da América Latina. Tinha sido nomeado por Joaquim Lalanda de Castro, representante da farmacêutica – cujo nome está envolvido, junto com o da empresa que representa, no esquema de fraude na compra de derivados de sangue pelo ministério da Saúde. É a Folha de São Paulo que adianta que a Operação Vampiro, investigação da Polícia Federal Brasileira desde 2004, inclui os nomes Octapharma e Joaquim Lalanda de Castro.

Segundo a Globo, a farmacêutica acabou por ser denunciada em 2008 pelo Ministério Público Federal e, no decorrer da ação, foi pedido a anulação dos contratos estabelecidos entre o Ministério da Saúde e a Octapharma, bem como a devolução, aos cofres públicos, da verba alegadamente desviada e a proibição de negociações entre a empresa os serviços públicos brasileiros.

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Na véspera de ser decretada a prisão do ex-PM, a sede da farmacêutica em Lisboa foi alvo de diligências judiciais pelas autoridades portuguesas, das quais resultou um comunicado enviado às redações que explicava que a Ocptapharma Portugal “prestou desde o primeiro momento total colaboração às entidades”. No comunicado, a empresa suíça aproveitava igualmente para deixar a garantia de que “nenhum colaborador da Octapharma Portugal foi detido ou constituído arguido no âmbito das investigações em curso” e que, por isso, “as notícias do envolvimento da empresa com as alegadas irregularidades em investigação não têm qualquer fundamento”.

Num primeiro momento, escreve a Lusa, chegou a ser noticiado que entre os detidos estava Joaquim Lalanda de Castro, rumores que foram posteriormente desmentidos por uma nota divulgada pela Procuradoria-Geral da República que dava conta das detenções. Num artigo publicado a 24 de novembro, dando conta da prisão preventiva decretada para o ex-primeiro-ministro português, a Folha de São Paulo refere ainda que Sócrates encontrou-se com o então ministro da saúde, Alexandre Padilha, em fevereiro de 2013 na cidade de Brasília.

A Operação Vampiro remete para investigações que começaram em maio de 2004, numa ação que levou à prisão de empresários e lobistas acusados de manipular compras de medicamentos para o Ministério da Saúde, sendo que o alvo principal incidia na compra de derivados de sangue.