“Cha-Cha-Cha”, “La Pantera”, “El Ticholo” (“O Tijolo”) ou “El Diablo”. Este homem acumula alcunhas como marca golos. Mas nem acha muita piada à coisa. “A única que aceito é ‘Cha-Cha-Cha’ pelo meu pai, que jogou futebol e não pôde ser profissional porque a equipa onde estava não lhe pagava. (…) Ele desistiu do futebol e dedicou-se a sustentar-me. (…) ‘Cha-Cha-Cha’ era um tipo de dança que ele bailava. O importante é a satisfação que ele sente como pai quando me chamam isso”, disse à Marca, em fevereiro de 2013. Em Coimbra, voltou a ser decisivo, com dois golos (3-0). Permitam-nos o trocadilho fácil: este colombiano é um “diablo”, uma “pantera” entre os centrais, que está longe de ter dois “ticholos” nos pés…

O adversário do FC Porto era a Académica, a frágil briosa. A equipa de Paulo Sérgio tem apenas uma vitória na Primeira Liga. Aconteceu no final de setembro, quando ganhou no campo do Arouca (1-0). Na época passada a cantiga até foi outra: Fernando Alexandre, um médio formado na Luz, marcou o único golo da partida, que devolveu a glória às gentes de Coimbra passadas praticamente quatro décadas contra este rival.

A entrada dos dragões foi forte. Sentiu-se logo que os jogadores de Lopetegui queriam resolver a questão cedo. E assim foi, com o contributo de Obiora, um médio que veste de preto. A asneira colou a bola nos pés de Rúben Neves, que jogou no lugar de Casemiro (13′). A seguir, o jovem lançou Jackson, que entrou na área e chutou, cruzado, com a canhota, 1-0. Lee, o guarda-redes da Académica, não foi Bruce e viu a bola entrar…

Foram 20 minutos nos quais só deu FC Porto. A Académica nem cheirava a bola. Para quem via o jogo pela televisão, nem era possível saber a cor do equipamento de Fabiano, o guarda-redes da equipa da Invicta. Isso mudou aos 22′, quando um contra-ataque pela esquerda permitiu finalmente saber-se que o guarda-redes brasileiro usava uma farda amarela.

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Depois, Tello foi do céu ao inferno em poucos minutos. Primeiro rematou com muito, muito perigo, depois de enganar o lateral direito da Académica, mas Lee desta vez esteve impecável e evitou mais uma festa azul e branca. Mais tarde, o extremo espanhol fez uma asneirada e ofereceu a bola a Rui Pedro, um avançado formado no FC Porto, que rematou cruzado, com pouco perigo.

Um toque, roda, dois toques, ajeita, três toques, remate quase no ângulo (23′). Foi esta a sequência da jogada de Jackson Martínez, 2-0. Pura classe. Este homem é de outro campeonato. É um regalo para os adeptos. E os números são de craque também: em 2012/13 marcou 26 golos em 30 jogos; na época seguinte fez 20 em 30 presenças. Este ano já leva dez golos em 12 jornadas.

A segunda metade da primeira parte foi mais calma, com o FC Porto a controlar completamente o jogo. Estava fácil. Ao intervalo, a equipa assinava 61% de posse bola, o que é música para os ouvidos do treinador basco. Nota mais para Jackson, naturalmente. Herrera estava discreto e Rúben Neves a cumprir.

A segunda parte começou com um momento de magia. Não, nem foi o golo, mas sim o passe. Tello, a comprovar que foi formado no Barcelona, tocou na bola e ela, obediente, passou entre quatro jogadores vestidos de preto, pasmados com o rigor daquela rota, rumo à gloria. O pé de Herrera confirmou, 3-0. O mexicano está a fazer a melhor época em Portugal, e os números sustentam esta teoria: quatro golos em 20 jogo. É o melhor que já fez.

A segunda parte teria muito menos interesse. Os quase oito mil adeptos em Coimbra, que enfrentavam o frio, tiveram de se bater contra um jogo que deu a mão ao tédio. Nem a entrada de Quaresma ajudou a abanar as coisas.

A defesa do FC Porto não ofereceu golos, como tantas vezes vimos durante esta época. Mas um dos centrais foi menino para baralhar os jornalistas na bancada de imprensa. É que a folha com as equipas titulares dizia que um dos defesas era Rolando. Mas como? O mistério dissipou-se pouco depois. O nome completo de Indi é Rolando Maximiliano Martins Indi. E esta, hein? Bruno é alcunha.

Apito final em Coimbra. O FC Porto roubou o segundo lugar ao Vitória de Guimarães, que terá um dérbi minhoto no domingo (vs. Sp. Braga). Nota positiva para o meio-campo dos dragões: Rúben esteve bem, Óliver voltou a assinar uma exibição sólida e Herrera, mais discreto do que tem sido hábito, marcou e mostrou-se importante. Para Jackson já não há palavras…