O Yad Vashem, Memorial do Holocausto de Jerusalém, distinguiu o padre português Joaquim Carreira com o título de “Justo entre as Nações”, por ter salvado judeus e antifascistas durante o nazismo. É o quarto português a receber a distinção do Memorial do Holocausto de Jerusalém, depois de Aristides de Sousa Mendes, Sampaio Garrido e José Brito Mendes.

A informação foi avançada pelo blogue Religionline, do jornalista António Marujo, que teve acesso à decisão do Yad Vashem. A decisão terá sido tomada a 4 de setembro mas só agora foi divulgada.

Natural de Leiria, Joaquim Carreira foi reitor do Colégio Pontifício Português em Roma, entre 1940 e 1954. Em 1943, os nazis ocuparam a capital italiana e a perseguição aos judeus acentuou-se. O sacerdote usou o Colégio para esconder diversas pessoas, entre opositores de Mussolini e judeus, uma vez que o edifício não podia ser invadido por soldados nazis. No entanto, os militares alemães entraram uma vez no edifício, à procura de refugiados.

O texto do Yad Vashem recorda uma frase escrita por Joaquim Carreira no relatório da atividade do colégio:

“Concedi asilo e hospitalidade no colégio a pessoas que eram perseguidas na base de leis injustas e desumanas”.

Em 2012, o jornalista António Marujo publicou no Público um trabalho sobre Joaquim Carreira, com testemunhos de pessoas que estiveram escondidas no Colégio Pontifício Português em Roma. “Era muito gentil”, recordou o judeu italiano Elio Cittone, que tinha 16 anos quando ficou escondido no colégio, durante um mês e meio, levado pelo tio. “Nunca mais o vi”, disse ao jornal, aos 85 anos, referindo-se ao padre português. “Mas estou-lhe muito grato e recordo sempre o facto de ele me ter salvo a vida”.

O título, emitido em nome do Estado de Israel e do povo judeu, é a maior distinção para não-judeus que, durante o Holocausto, tenham arriscado as suas vidas para salvar judeus. O nome do português Joaquim Carreira vai ser gravado no mural de honra do Jardim dos Justos, do Yad Vashem, ao lado dos outros três portugueses que arriscaram a vida para salvar vidas humanas: Aristides de Sousa MendesCarlos de Almeida Fonseca Sampaio Garrido e José Brito Mendes (listado como francês juntamente com a mulher, Marie-Louise Brito-Mendes).

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