“Acreditamos que estamos nesta semana a viver um momento histórico, que é devolver à natureza um animal que se extinguiu [no país] e, portanto, é um marco histórico, é um sinal de que as políticas de conservação da natureza e biodiversidade em Portugal têm feito um caminho positivo e é um motivo de orgulho para todos”, afirmou Miguel de Castro Neto no dia em que são libertados dois exemplares em Mértola.

Em declarações aos jornalistas, na Estrada Nacional 267, que liga Mértola a Almodôvar, no distrito de Beja, onde esteve presente na cerimónia de colocação de um sinal de trânsito que alerta para a possível presença de linces, Castro Neto explicou que o sinal de perigo triangular pretende acautelar aquele que tem sido o “maior risco” verificado pelos parceiros espanhóis do projeto de reprodução do lince ibérico, que já libertaram exemplares que são depois atropelados.

“Ao colocar estes animais em liberdade, conhecemos o que tem sido a realidade espanhola, onde o principal risco tem sido a mortalidade provocada por atropelamentos nas vias rodoviárias. Nesse sentido, desenvolvemos os esforços necessários para prevenir e gerir esse principal risco”, assegurou.

Miguel de Castro Neto acrescentou que “foram identificados os pontos mais sensíveis” e com “maior probabilidade de haver atropelamentos” e foram colocados oito sinais “para que a população seja sensibilizada” e possa “reduzir a velocidade” onde possa haver a presença de linces, no concelho de Mértola, em pleno Parque Natural do vale do Guadiana.

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Cerimónia de libertação de dois linces ibéricos

O governante explicou que hoje vai ser libertado um casal, que irá numa primeira fase ser colocado “num cercado de solta branda”, onde “terão um período de aclimatação”, acompanhado por técnicos, que tomarão a decisão de os libertar posteriormente dessa zona.

“Nos próximos meses iremos reintroduzir mais oito linces”, precisou Miguel de Castro Neto.

O secretário de Estado refutou, na ocasião, as críticas da Federação Portuguesa de Caçadores (FENCAÇA), que considerou que o projeto de reintrodução do lince na natureza está condenado ao fracasso, porque não foram tomadas medidas para prevenir as doenças do coelho-bravo, a sua principal fonte de alimentação.

“Estabelecemos uma metodologia e um senso quinzenal da população de coelho nos territórios de libertação de lince. E os dados recolhidos pelos técnicos, seguindo a dita metodologia, comprovam que neste momento existe uma população que até ultrapassa o mínimo considerado necessário para se poder reintroduzir o lince”, assegurou.

Está também a ser feito, acrescentou, um “trabalho de monitorização contínuo” e foi lançado “um projeto de investigação especificamente direcionado à doença hemorrágica viral dos coelhos” para se perceber “o que se passa agora com a população” e haver “um conhecimento mais aprofundado da doença”, para evitar que “no futuro possam acontecer surtos como aconteceram no passado”.