O PS defendeu esta sexta-feira no Parlamento que a dívida pública é um problema europeu e não “um desvio de comportamento” de Portugal, como o Governo tenta fazer parecer. “Esta história de criancinhas, para além de ser falsa, é a mesma história que os credores contam sobre a dívida soberana”, apontou o deputado João Galamba, defendendo que Portugal deve bater-se no âmbito europeu “pelo reconhecimento do problema” e que o Estado deve voltar a fazer investimento público.

A ministra das Finanças representou o Governo, esta manhã de sexta-feira, no debate em plenário sobre a dívida pública portuguesa e como resolver o problema do sobre-endividamento do país que já vai em mais de 130% do PIB, depois de uma conferência internacional na terça-feira que juntou vários especialistas no Parlamento. Maria Luís Albuquerque diz que o montante da dívida “é reconhecidamente elevado, mas sustentável”, avisando que enquanto o país registar défices, irá acumular dívida.

Maria Luís Albuquerque, contudo, lamentou (“É pena”, disse) que o PS não tenha posição definida sobre a dívida e que não aceite um entendimento pré-eleitoral com a maioria sobre a melhor forma de a resolver. “O PS já fez saber que consenso só depois de eleições, não vão portugueses perceber antes que afinal não são alternativa”, argumentou a ministra.

João Galamba respondeu que “a austeridade agrava a dívida” e “deprime o PIB”, instando o Governo a procurar soluções dentro da zona euro e em parceria com outros países europeus, nomeadamente normas alternativas às que estão inscritas no Tratado Orçamental em termos de défice.

O PS também esteve sob fogo neste debate devido às diferenças de opinião no seio do partido sobre como lidar com a dívida. A maioria, através da deputada do CDS Cecília Meireles, questionou Galamba, perguntando se o deputado falava em nome de todo o PS, acusando o partido de “jogos do politicamente correto que serão muito bonitos, mas na prática não querem dizer nada”. Já o deputado Nuno Reis do PSD disse que a posição do PS servia como “tática de sedução ao PCP e ao BE”.

A confrontação do PS com as suas propostas foi também levada a cabo pelo PCP, merecendo largos aplausos até da maioria, quando Paulo Sá, deputado comunista, questionou a bancada socialista sobre as medidas concretas para combater a dívida. Já o Bloco de Esquerda disse que a dívida custa anualmente mais do que os serviços públicos como a educação e a saúde, custando 12 mil milhões de euros em amortizações e 8 mil milhões em juros. Mariana Mortágua, deputada do Bloco, considerou mesmo que se trata de “um sorvedouro de serviços públicos”.

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