(Este artigo foi corrigido às 19h05, explicando que afinal a noite mais longa de sempre já passou)

Que esta foi a noite mais longa do ano é saber comum: precisamente às 23h03, segundo o Observatório Astronómico de Lisboa, ocorreu o solstício de inverno, marcando o início desta estação no hemisfério norte – e, claro, a entrada na estação mais fria do ano. Com o solstício vem também a noite maior do ano, aquelas horas em que o sol atinge a sua posição mínima em relação ao equador.

Mas há quem diga mais do que isso: que esta seria também a noite mais longa de sempre. Segundo o cientista Colin Schultz, o tempo de escuridão será muito ligeiramente superior ao que alguma vez aconteceu, mesmo contando a partir do dia em que a terra se formou, como explicava o site norte-americano Vox este domingo.

A razão? É que rotação da Terra está a abrandar, num ritmo muito baixo, é certo, mas muito estável: a cada ano os cientistas dizem que os nossos dias estão a esticar-se mais ou menos o equivalente a 0,000001 de segundos por dia (a expressão em inglês é “millionth of a second”). A razão estará na Lua, acreditam alguns especialistas. Melhor dizendo, da sua influência nas marés. Como explica este documento da NASA, a fricção entre o movimento das marés e a rotação da Terra acabou por diminuir aos poucos esta rotação. Algures no início da história, o dia demoraria apenas seis horas.

Acontece que, horas depois de ter publicado o artigo, o Vox corrigiu-o:

“Este artigo dizia que, devido à rotação da Terra estar gradualmente a desacelerar, este solstício resultaria na noite mais longa de sempre. Não é verdade. A rotação da Terra está gradualmente a reduzir-se no longo prazo, mas numa escala de curto prazo os fatores geológicos também podem alterar isso.

Os dados indicam que a rotação acabou por acelerar um pouco nos últimos 40 anos, possivelmente devido ao degelo nos polos e redistribuição da massa da Terra. Assim, tanto quanto sabemos, as noites mais longas devem ter acontecido em 1912. Pedimos desculpa pelo erro”.

Assim sendo, os factos apontam para que, entre acelerações e desacelerações, a Terra esteja mesmo a viver dias e noites mais longos, embora a mais longa de todas tenha acontecido em 1912.

Mas, sim: de todo o modo, mesmo sendo verdade que no longo prazo os dias ficarão maiores, estamos a falar de uma diferença tão pequena que nunca, em muitas muitas gerações, ninguém vai notar como os dias estão a ficar mais compridos, nem sequer como a noite mais longa do ano está a esticar-se.

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Mas a curiosidade sobre o fenómeno está a ficar tão aguçada que já há jornais científicos a questionar os especialistas sobre quando os nossos dias vão ter, finalmente, 25 horas. A resposta não é encorajadora para uma das perguntas mais desejadas dos nossos dias: 140 milhões de anos, a acreditar em Tom O’Brian, do National Institute of Standards and Technology.