O motorista terá depositado dinheiro do ex-primeiro ministro na sua conta, que usou para pagar despesas pessoais de José Sócrates. A notícia é avançada na edição de sexta-feira do semanário Sol, segundo o qual esta informação foi adiantada por João Perna no segundo interrogatório efetuado no Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) e liderado pelo procurador Rosário Teixeira.

Ainda de acordo com o jornal, as declarações de João Perna contrastam com o silêncio que terá marcado o primeiro interrogatório do antigo motorista de Sócrates que foi detido a 20 de novembro e que corresponderá a uma mudança de estratégia e de advogado de defesa. O ex-motorista foi até agora o único detido da Operação Marquês a ver atenuada a medida de coação inicialmente aplicada pelo juiz, estando agora em casa com pulseira eletrónica.

No interrogatório João Perna terá admitido que aceitava depositar dinheiro do ex-primeiro-ministro na sua conta pessoal a partir da qual pagava depois despesas de José Sócrates. Este esquema terá sido usado para branquear rendimentos do antigo governante socialista cuja origem ainda não é totalmente clara. Segundo o Sol, Sócrates terá recebido um milhão de euros desde que abandonou o cargo. Suspeita-se que grande parte dessas verbas tenham tido origem nas contas do empresário e amigo Carlos Santos Silva.

A partir de uma certa altura, João Perna resolveu começar a guardar faturas dessas despesas porque, segundo o Sol, terá desconfiado da movimentação de somas tão elevadas de dinheiro. Mas para o ex-motorista, que cumpria ordens, os pedidos de Sócrates pareceram-lhe normais por se tratar de um antigo primeiro-ministro.

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