A desconvocação da greve na TAP, na véspera de natal, já não foi a tempo de evitar prejuízos para a transportadora área que conseguiu apenas recuperar duas mil reservas. De acordo com dados avançados ao Observador por fonte oficial da transportadora, as 18 mil reservas perdidas desde que foi anunciada a greve geral dos sindicatos da empresa representam cerca de seis milhões de euros de receita perdida.

António Monteiro sublinha que o acordo que levou nove sindicatos da desistirem da paralisação foi anunciado demasiado em cima do Natal, (à hora de almoço do dia 24). Muitas empresas estavam já fechadas, incluindo agências de viagens, e as pessoas já estavam focadas na quadra natalícia. Por outro lado, 75% das vendas da TAP são feitas de Portugal onde a transportadora não tem a mesma visibilidade que no mercado nacional e onde a capacidade de comunicação é muito reduzida. Logo, a mensagem do fim da greve não teve grande eficácia.

Requisição civil recuperou 20 mil reservas

A TAP chegou a ter 130 mil reservas para o período afetado pela paralisação que caíram para 90 mil na sequência do anúncio da greve de quatro dias, entretanto recuperou para 110 mil reservas no dia 24, depois do anúncio da requisição civil. O número tinha subido para 112 mil esta sexta-feira depois de conhecido o memorando assinado entre o governo e nove sindicatos que pôs fim ao protesto destas estruturas.

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Ainda assim, as perdas estão muito longe do prejuízo global a companhia poderia ter sofrido se a greve fosse para a frente e os trabalhadores não cumprissem a requisição civil decretada pelo governo, paralisando a operação. De acordo com a resolução do Conselho de Ministros que aprova a requisição, os quatro dias de greve, que deveria começar este sábado para terminar na terça-feira, deveriam provocar um prejuízo direto de 32 milhões de euros, podendo ter custos indiretos de 60 milhões de euros.

Há ainda três sindicatos – SITAVA (aviação e aeroportos), SNPVAC (pessoal de voo) e SINTAC) – que mantêm o período de greve que se inicia este sábado, mas já aconselharam os seus associados a cumprirem a requisição civil de forma a evitar processos disciplinares. Não se esperam por isso perturbações.

Em comunicado conhecido esta sexta-feira o SINTAC (Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Aviação Civil justificou o apelo, sublinhando que “nas condições impostas pelo Governo não é possível fazer greve e porque não somos irresponsáveis, aconselhamos todos os associados a apresentarem-se ao trabalho, de acordo com as suas atribuições e categoria profissional”. O SINTAC mantém o pré-aviso de greve “por uma questão de ética”.

O memorando assinado entre governo e nove sindicatos prevê negociação num grupo de trabalho sobre as condições laborais na TAP após a privatização. O prolongamento do acordo de empresas e a imposição de limites a despedimentos coletivos e lay-off, estão entre as principais preocupações dos trabalhadores em relação à uma TAP privada.

O governo pretende vender 66% do capital da TAP, através de venda direta a um ou conjunto de investidores, em 2015.