Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, alertou que o país se vai opor à possibilidade de soldados israelitas serem acusados de crimes de guerra pelo Tribunal Penal Internacional (TPI). O aviso surgiu após a Autoridade Palestiniana ter enviado um pedido para aderir à entidade sediada em Haia, na Holanda. “Não vamos permitir que os nossos soldados e oficiais sejam levados diante do tribunal em Haia”, disse Netanyahu, na abertura semanal do conselho de ministros.

No sábado, Israel já tinha respondido à ofensiva diplomática internacional dos palestinianos, de pedir a adesão ao TPI, com o congelamento do pagamento de mais de 100 milhões de euros em impostos devidos à Autoridade Palestiniana.

“Aqueles que deveriam ser processados são os líderes da Autoridade Palestiniana, que fizeram uma aliança com os criminosos de guerra do Hamas”, disse o primeiro-ministro israelita, acusando em particular aquele movimento islamita de ter utilizado os habitantes da Faixa de Gaza como escudos humanos durante o conflito do verão passado, causando a morte a cerca de 2.200 palestinianos, a maioria civis, e de 73 israelitas, incluindo 67 soldados.

“Os nossos soldados continuarão a defender o Estado de Israel com coragem e determinação e da mesma forma com que nos protegem, nós vamos protegê-los com coragem e determinação”, frisou. O primeiro-ministro israelita afirmou ainda que a Autoridade Palestiniana decidiu confrontar o Estado de Israel, pelo que este “não pode ficar de braços cruzados”.

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O congelamento do pagamento dos 106 milhões de euros, relativos ao IVA (Imposto sobre o Valor Acrescentado) e direitos alfandegários sobre mercadorias para os territórios palestinianos que passaram por Israel, poderá ser apenas a primeira de uma série de medidas de retaliação israelita, após o pedido de adesão da Palestina ao TPI, segundo comentadores.

Com este pedido, os palestinianos querem levar os líderes israelitas diante do tribunal em Haia para serem julgados por genocídio, crimes contra a humanidade ou crimes de guerra ou pedir responsabilidades pelas três ofensivas em Gaza desde 2008 ou pela ocupação (do território).

Israel já tinha atrasado os pagamentos aos palestinianos em ocasiões anteriores para exprimir o seu desagrado, como aconteceu em novembro de 2012 quando os palestinianos conquistaram uma votação nas Nações Unidas reconhecendo a Palestina como estado não-membro.

O mesmo aconteceu em maio de 2011, depois do presidente palestiniano Mahmud Abbas anunciar um acordo de reconciliação com o Hamas para pôr fim a anos de conflito entre o grupo militante islamita e o seu movimento Fatah, e em novembro de 2011, quando os palestinianos conseguiram entrar na UNESCO. As receitas fiscais constituem dois terços do orçamento anual da Autoridade Palestiniana, excluindo a ajuda externa.