A Nebulosa da Águia fica lá longe, muito longe, na constelação da Serpente, um pouco à esquerda da constelação Sagitário quando olhamos para o céu estrelado. Há vinte anos o telescópio espacial da NASA, o Hubble – que comemorará 25 anos de vida no próximo mês de abril -, descobriu, numa pequena região designada por M16, as formações que ficaram conhecidas como os “Pilares da Criação”. Agora voltou a fotografá-los e o resultado é surpreendente.

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O “Pilares da Criação” são, na descrição da própria NASA, “três colunas gigantescas de gás gelado banhadas por luz ultravioleta que se destacam de um aglomerado de estrelas jovens e massivas numa pequena região da Nebulosa da Águia, ou M16”. Eles são como que o viveiro do violento processo de formação das estrelas, quando as poeiras e os gases atingem densidades tão elevadas que se contraem sobre si mesmo, iniciando o processo de fusão nuclear que existe no coração das estrelas. O processo que se passa em M16 talvez não seja muito diferente do que existiu durante a formação da nossa própria estrela, o Sol.

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No interior dos pilares existem aglomerados de estrelas gigantes que emitem radiações capazes de provocarem uma espécie de vento que como que sopra e afasta as partículas do topo dos pilares.

As imagens agora divulgadas têm uma definição muito maior. A primeira, tirada com luz visível, é muito mais contrastada e mostra mais detalhes. A segunda, que foi tirada com luz quase infravermelha, mostra-nos os pilares como ténues silhuetas num fundo de milhares de estrelas.

Paul Scowen, um investigador do Universidade do Arizona em Tempe que foi um dos cientistas que estudou as imagens de 1995, manifestou, numa declaração por escrito à NASA, todo o seu entusiasmo face “aos detalhes incríveis que são agora visíveis pela primeira vez”.

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Uma formação como esta, explicou Scowen, só é visível porque as estrelas enormes que estão no seu interior emitem radiação suficiente, nas frequências ultravioleta, conseguir ionizar as nuvens de gás e fazê-las brilhar. No seu comunicado o cientista da Universidade do Arizona também refletiu sobre a circunstância de este “viveiro de estrelas” – daí o nome “Pilares da Criação” – ser também uma zona de destruição.

“Estou impressionado com o quão transitórias estas estruturas são. Os pilares estão literalmente a ser desfeitos diante dos nossos olhos. A neblina fantasmagórica azulada em torno das bordas densas dos pilares é constituída por materiais que estão a ser aquecidos e a evaporar-se, desaparecendo no espaço. Descobrimos estes pilares num momento muito especial e de curta duração no processo da sua evolução “.

Ao compararem as imagens de 1995 com as 2014 os astrónomos repararam, por exemplo, que uma formação com forma de um jato se tinha alargado. A sua interpretação é que se trata de materiais que forem ejetados de uma estrela acabada de formar e que, neste intervalo de tempo, se tinham espalhado pelo espaço, ocupando quase mais 100 mil milhões de quilómetros, o que significa que viajam a 725 mil quilómetros por hora.

A qualidade destas novas imagens foi possível porque, em 2009, foi instalada no telescópio Hubble uma nova câmara, a Campo Largo 3, com mais definição e capacidade para captar várias frequências de luz. Situada numa órbita a 560 km da Terra, o Hubble tem conseguido fazer imagens impossíveis de obter por telescópios terrestres, mesmo dos construído a elevadas altitudes, pois está livre da interferência da nossa atmosfera.