O presidente do conselho de administração da SATA disse nesta sexta-feira que a transportadora aérea vai passar a privilegiar na sua operação comercial os Açores, continente, EUA, Canadá e Macaronésia, abandonando as rotas regulares com a Europa.

Luís Parreirão, que apresentou, em Ponta Delgada, aos jornalistas, o Plano de Desenvolvimento Estratégico 2015/2020 do Grupo SATA, explicou que, face à liberalização das rotas entre o continente e Ponta Delgada e Terceira e o surgimento das companhias ‘low cost’ na região, o documento agora apresentado considera uma redução global de 33% dos voos que atualmente faz naquelas duas ligações. “Para esta redução global de 33% estima-se uma redução da oferta de voos de 44% na ‘gateway’ de Ponta Delgada e um aumento da oferta de voos de 55% na ‘gateway’ da Terceira”, referiu.

Luís Parreirão explicou que o ajustamento da oferta visa “proteger a rentabilidade da SATA num mercado onde certamente, pelo menos no primeiro ano, a procura não crescerá a um ritmo tão elevado como a oferta que será injetada no mercado por via da liberalização do transporte aéreo”.

O administrador da SATA disse ainda que, face à incerteza atual em relação ao futuro da TAP, o grupo açoriano possui no seu Plano de Desenvolvimento Estratégico 2015/2020 os recursos necessários para assegurar “capacidade de resposta” perante um “eventual desinvestimento” da transportadora nacional nos Açores.

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No caso do mercado da Macaronésia, a que correspondem as rotas Ponta Delgada/Praia (Cabo Verde)/Funchal/Faro/ Funchal/Las Palmas e Ponta Delgada/Las Palmas, a SATA pretende “melhor utilizar a frota e canalizar tráfego para outras rotas” da rede sua rede regular. A inclusão de Cabo Verde na operação regular da SATA visa oferecer uma ligação entre Cabo Verde e Boston, cidade norte-americana onde reside uma importante comunidade cabo-verdiana.

Luís Parreirão explicou que no concerne às rotas com a Europa, não são consideradas “estratégicas para o grupo SATA e, na generalidade, apresentam consecutivamente resultados negativos”. “Contudo, dado o interesse estratégico para o setor do turismo da região, o grupo SATA, em concertação com os ‘players’ regionais do setor do turismo, viabilizará as operações entre os Açores e a Europa em 2015”, declarou.

Sobre o plano que hoje apresentou, que visa dar sustentabilidade à empresa e corrigir “desequilíbrios” financeiros que se têm agudizado nos últimos anos, Parreirão disse que nem todas as medidas “são as mais populares ou de mais fácil decisão e aceitação”. “Contudo, são aquelas que, no entender do Conselho de Administração a que presido, se afiguram como indispensáveis ao processo de redimensionamento e renovação do foco de negócio do Gripo SATA”, afirmou. O plano de reestruturação da SATA até 2020 prevê a renegociação de uma dívida financeira de 179 milhões de euros, a redução de frotas e pessoal e cortes de custos.