A Microsoft está a enfrentar um dilema com a nova versão do seu sistema operativo, o Windows 10: a quem irá cobrar para fazer a atualização do sistema? Conforme avança a revista Computer World, os executivos da empresa estão a decidir qual será o modelo de negócio com o qual a empresa pretende rentabilizar o seu novo produto.

Há três hipóteses sobre a mesa:

Opção 1

Atualização gratuita apenas para os utilizadores do Windows 8.1

Opção 2
Atualização gratuita para todos os utilizadores de versões antigas do Windows, incluindo o Windows 7, que é o sistema operativo mais utilizado no mundo, com um quota de mercado de 56%, segundo dados da empresa NetMarketShare.

Opção 3
Atualização gratuita para todos os utilizadores de versões antigas do Windows e para fabricantes de equipamentos originais, com apenas algumas licenças e atualizações pagas, e cobrança para as grandes empresas.

A decisão tem implicações no faturação e na receção do público do produto. Conforme avança a revista, cobrar aos utilizadores do Windows 7 que não migraram para o Windows 8 ou 8.1 pode ser letal para a imagem da empresa, mas representar uma grande receita de negócio. Por outro lado, não cobrar aos utilizadores de versões antigas do Windows implicaria uma maior adesão ao novo sistema operativo, mas faria as empresas recuarem, especialmente, aquelas que pagam por planos de anuidade. Eis o dilema.

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Há algumas variáveis que devem ser levadas em conta. Mesmo que a Microsoft opte por não cobrar pelo Windows 10, é provável que a atualização gratuita tenha algumas ferramentas e aplicações limitadas e que estariam disponíveis apenas nas versões Pro, Enterprise e Professional, como acontece com o Windows 8.1. Atualizações gratuitas também podem estabelecer um precedente na história da empresa, dificilmente reversível em lançamentos futuros.

Outra questão diz respeito à relação da Microsoft com os fabricantes de computadores. Tradicionalmente, as empresas utilizam as novas versões do Windows nos seus novos equipamentos sabendo que a maior parte dos utilizadores não paga para fazer a atualização do sistema – os consumidores compram novos equipamentos que já vêm com a versão atualizada do sistema. Ao dar licenças gratuitas aos utilizadores do Windows 10, especialmente para aqueles que ainda usam o Windows 7 e XP, significaria a queda imediata de vendas, num momento em que a venda de computadores pessoais cai anualmente.

Outra variável é o mercado móvel, que beneficiaria diretamente da ampliação do número de utilizadores do Windows 10. Um maior público representaria a maior procura por apps e serviços, o que geraria investimento das empresas no setor. Para a Microsoft, implicaria na venda de licenças e acesso a recursos exclusivos do novo sistema operativo para o desenvolvimento de produtos. Seria suficiente para compensar a perda de receitas dos fabricantes de computadores?

Sobre o dilema da Microsoft, o diretor de operações da empresa Kevin Turner disse à imprensa internacional em dezembro que a companhia deverá cobrar pelo Windows 10 de “maneiras criativas”. “Temos de gerar receita de uma maneira diferente. Há oportunidades adicionais para que ofereçamos serviços e produtos de maneira criativa. O novo modelo de negócios irá permitir à companhia cobrar pelo ‘tempo de vida’ do utilizador ao vender-lhe funcionalidades extras”, avançou. No entanto, Turner garantiu que a Microsoft não revelaria os seus planos até a primavera deste ano. Questionado sobre o assunto, Satya Nadella, diretor executivo da Microsoft, afirmou vagamente que a estratégia para o Windows 10 será “cloud-first, mobile first” e “produtividade e plataformas”.

As próximas pistas sobre o dilema da Microsoft serão reveladas no dia 21 de janeiro, quando a empresa revelará detalhes da próxima versão de testes do Windows 10, antes do seu lançamento oficial previsto para o segundo semestre de 2015.