Os sons de seis cidades portuguesas e de Abu Dhabi têm sido recolhidos pelo projeto Phonambient, criado pela associação cultural Sonoscopia, que os tem catalogado e vai disponibilizar na Internet em fevereiro, disse um dos membros à Lusa.

O Phonambient assenta sobre o trabalho feito pelo projeto Porto Sonoro desde 2010, criado no âmbito do festival Manobras, e que veio a ganhar uma “nova vida” ao ser expandido para várias cidades com uma “ênfase maior na parte da transformação criativa e da reflexão sobre o património sonoro das cidades e dos locais”, disse o cofundador da Sonoscopia, Gustavo Costa.

Assim, em cidades como Porto, Braga, Tondela, Guarda, Castelo Branco, Fundão e Abu Dhabi uma equipa da Sonoscopia formou “parceiros locais” para que equipas no terreno ganhassem autonomia e fossem “ficando responsáveis pela documentação da cidade, pela transformação artística e reflexão desse património”.

Em causa estão sons que vão desde o sino da igreja ao autocarro na rua, passando pela acústica de um túnel, devidamente catalogados “entre o científico e a acessibilidade” e disponibilizados no site até dia 10 de fevereiro, sendo, a partir daí, atualizados.

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“Espero que daqui a 50, 100 anos ainda seja possível aceder a esta base de dados. Para já, vai estar disponível num ‘website’, daqui a 50 anos vai estar numa outra plataforma”, disse Gustavo Costa.

Aquilo que interessa ao projeto “é catalogar o som público” e “pensar no som como matéria-prima e depois o que é que [se pode] fazer com este som”.

Depois das apresentações do projeto em Tondela e no Fundão, o Phonambient vai ser exposto hoje em Braga, na GNRation, seguindo-se Castelo Branco, dia 29, a Guarda, dois dias depois, e Abu Dhabi também dia 31. O processo vai culminar na última apresentação, a ter lugar na Casa da Música, no Porto, entre 10 e 14 de fevereiro, ocupando várias salas com uma palestra, instalações sonoras e concertos.

“Queremos, durante o ano de 2015, ter um grupo de pessoas que fique responsável pela atualização dos arquivos das cidades onde o projeto já esta instalado”, disse ainda Gustavo Costa, que sublinhou que pretendem efetuar novas gravações a par de uma “documentação de tudo aquilo que já tenha sido feito nesta área”, um trabalho que reconhece ser “épico”.

Desta forma, a associação quer que “estes arquivos cresçam e se tornem cada vez mais interessantes, com mais conteúdos, porque isto faz parte do património imaterial das cidades”.