A presidente da UGT, Lucinda Dâmaso, considerou neste sábado que o Estado português terá de exigir contrapartidas aos Estados Unidos da América pela redução militar na Base das Lajes ou rever as facilidades concedidas aos norte-americanos. “O Governo da República vai ter que exigir ao governo americano que cumpra o acordo estabelecido. Se assim não for, com certeza que ficaremos sempre muito mal, porque se não houver contrapartidas do governo americano, então o governo português também não terá que disponibilizar tudo aquilo que tem disponibilizado até agora”, frisou.

Lucinda Dâmaso falava aos jornalistas à margem de uma reunião que a UGT/Açores promoveu com trabalhadores da Base das Lajes, autarcas, empresários, economistas e outras personalidades, em Angra do Heroísmo, na sequência do anúncio feito na semana passada pelos EUA de que vão retirar 500 militares e civis da base e despedir 500 trabalhadores portugueses, até ao outono deste ano.

Uma vez recolhidas opiniões sobre o impacto que a redução militar norte-americana terá e ideias para mitigar as consequências sociais e económicas na ilha Terceira, a UGT anunciou que vai elaborar um documento e pedir audiências com o Governo Regional, o Primeiro-Ministro e outras entidades. “Depois de ouvirmos todos, nós iremos com certeza fazer tudo por tudo para que junto do Governo central consigamos minimizar estes efeitos”, disse Lucinda Dâmaso.

Para a presidente da UGT, a redução militar norte-americana na Base das Lajes é um “drama nacional”, mas é sobretudo dramático para a Região Autónoma dos Açores, que “vai ter que ter ajudas para alterar tudo quanto é o seu processo de economia”. “Neste momento nós temos dois problemas fortes: é o problema dos trabalhadores que estão a viver o espectro do desemprego, mas também de todos aqueles que por estes ficarem desempregados vão viver daqui por uns tempos – e não será daqui por muito tempo, a médio prazo, a curto prazo até – o seu desemprego também”, frisou.

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Por sua vez, o presidente da UGT/Açores, Francisco Pimentel, defendeu que o Governo Regional terá de redefinir “o modelo de desenvolvimento económico para os Açores”. “Muitas das situações de transferências gradativas de setores económicos da Terceira para São Miguel terão de ser revisitadas, sob pena de esvaziarmos a ilha Terceira e o equilíbrio interno que interessa à própria autonomia”, frisou.

Para Francisco Pimentel, o problema da Base das Lajes não pode ser reduzido à sua dimensão laboral e é preciso encontrar “uma resposta que tente salvaguardar os postos de trabalho que se vão perder de imediato”, mas também rever o investimento público na ilha, a atração de investimento privado e a fixação de trabalhadores.

O presidente da UGT/Açores considerou ainda que arranjar responsáveis para o desfecho das negociações com os Estados Unidos é “pouco inteligente”, defendendo a adoção de soluções conjuntas do poder local, do poder regional e do poder nacional, em concertação com os parceiros sociais.